Por Anatote Lopes
Quando eu estava no seminário ouvi dizer que a Igreja iria acabar; sucumbir à secularização. Porque a sociedade se libertava da tutela da religião; a igreja estava ultrapassada para o homem moderno, conectado, globalizado, tecnológico, individualista e anti-institucionalista.
Diziam que as pessoas não iriam mais às reuniões religiosas e alardeavam que as igrejas emergentes, mais simples, nos lares, sem templos, oficiais, teologias e liturgias venceriam o modelo tradicional.
O que eu pude assistir nos últimos quinze anos foram o crescimento e a expansão das igrejas; o surgimento e a expansão dos seminários e o crescimento do interesse pela teologia.
O movimento que parecia prenunciar o fim da Igreja se esqueceu de, ou não sabia que, poderia se tornar um instrumento a favor da religião. Com o seu desprezo pelo passado, história e tradições, fez crescer o desejo de entender e descobrir as coisas que, já aconteceram e as que vão acontecer.
Deus colocou o “senso de religião no coração do homem” (João Calvino). Na tentativa de negar esse sentido da “eternidade” (Ec 3.11), o ateísmo se organizou contra a religião. Sem perceber que, esse sentido inerente a todos, era o que os impulsionava também; essa necessidade de se definir como “ateu” levou milhares de pessoas a encontrar o Deus verdadeiro, diferente do espantalho criado pelo ateísmo e pela decepção religiosa: o “Totalmente Outro” (Karl Barth).