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quinta-feira, 28 de maio de 2015

RÉPLICA PROTESTANTE A UMA POLÊMICA RESPOSTA CATÓLICA SOBRE A SOLA SCRIPTURA


Por Anatote Lopes


A presunção do padre Paulo Ricardo de por fim a polêmica que remonta o século XVI é cômica. 

O padre é uma pessoa interessante, um ser humano respeitável, mas não pode representar a Tradição e o Magistério que defende. 

O padre Paulo às vezes denuncia o aparelhamento da igreja romana e reconhece as virtudes beligerantes do protestantismo conservador. O fato é que na sua militância não ignora os protestantes.


Eu olho com tolerância e amor a todos os cristãos e não cristãos, mas, não deixo de lhes dizer a verdade sobre nossos comportamentos e posicionamentos.

Alguns mestres parecem subestimar a capacidade de discernimento de seus discípulos e lhes apresentam um protestantismo irrelevante, irracional e desprovido do Espírito Santo e do amor ao próximo.

Alguns demonstram grande ignorância do que contestam com relação à doutrina protestante e a vida e a obra dos reformadores.

Quando o padre Paulo nega a fundamentação de alguma doutrina do protestantismo e a julga “mal fundamentada” deixa de ser um crítico criterioso e passa a se igualar aos defensores leigos, desinformados e preconceituosos.

A ideia de que para um protestante a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) não possui base bíblica, como “conversa sem pé nem cabeça, forjada por Martinho Lutero e repisada ainda hoje pelos seus seguidores”, como declara o padre Paulo, não me parece muito coerente.

Ele mesmo, furiosamente, reafirma que para o catolicismo que ele representa: “O cristianismo, dissemos aqui várias vezes, não é a religião do livro, mas de toda a Palavra de Deus.” (Ênfase do Padre Paulo Ricardo no artigo apresenta negrito e grifo em "dissemos aqui várias vezes": Uma resposta católica a uma polêmica protestante).

O “catolicismo”, no sentido de sua própria defesa, contesta a “insistência dos protestantes no dogma da Sola Scriptura,” logo, o protestantismo busca respaldo somente das Escrituras para toda doutrina.

Isso é ótimo e todo católico que perguntar: “onde tem isso na Bíblia” como a esperar somente dela, uma norma para a sua vida e para o culto a Deus, deve se tornar um protestante.

A citação da confirmação dos apóstolos “em toda boa obra e doutrina” “(cf. 2 Ts 2, 15)” feita pelo padre para reportar à autoridade da Tradição e do Magistério da denominação ICAR, não é admissível para este propósito, pois tem sido citada para provar exatamente o contrário e ainda afirmar o princípio regulador do protestantismo (SOLA SCRIPTURA).

Os mesmos textos invocados pelo padre para afirmar a autoridade da Tradição servem para negar o entendimento papista de palavra de Deus na tradição defendida pelo padre (Tradição, Magistério e Bíblia).

O entendimento Apostólico da autoridade verdadeira e normativa da Tradição Apostólica está confinada na Bíblia.

Ainda que existam tradições extrabíblicas e tenham a sua continuidade na Tradição e Magistério da Igreja, estes não deveriam receber a mesma autoridade.

Tal Tradição e Magistério nunca deveriam ter se distanciado desse princípio: SOLA SCRIPTURA. Antes, o Magistério deve se arrepender e pedir perdão a Deus, e, novamente, submeter-se a toda Palavra das Escrituras.

O padre atribui à controvérsia o crescimento da desconfiança, “seja em relação ao catolicismo, seja ao protestantismo”.

Ora! Desde o nascimento do cristianismo os mundanos olham com desconfiança para os cristãos, enquanto não forem iluminados pelo Espírito Santo.

A iluminação do Espírito Santo que elimina a desconfiança é uma obra soberana de Deus; Ele soberanamente nos usa para comunicar o Evangelho Bíblico; apesar de nossas imperfeições, de qualquer natureza.

Somente o Evangelho Verdadeiro pode eliminar essa desconfiança e fazer o que as nossas tradições religiosas e colegiados de sacerdotes não podem: Produzir conversões verdadeiras.

O Evangelho Bíblico pregado nos púlpitos, anunciado e vivido neste mundo no poder do Espírito Santo elimina a desconfiança contra os cristãos, das pessoas as quais Deus quer salvar.

A confusão dos perdidos é inevitável. Pois isso obviamente, não tem qualquer lógica a pergunta do padre: “Que tipo de pessoa, hoje em dia, acreditará numa Igreja que prega uma enormidade de conceitos desarticulados, sem a devida consideração pelo contexto cultural e pelos gêneros literários?” 

O mau uso das Escrituras e a multiplicação de seitas são reprovados hoje, tanto por protestantes, quanto por católicos.

Que tempos de confusão e de proliferação de falsas doutrinas! Mas, as ovelhas de Cristo são atraídas pela voz do Bom Pastor, Jesus Cristo; portanto, a salvação do pecador é uma obra realizada por Cristo somente, em sua morte na Cruz.

Não foi coerente com a formação do Padre Paulo a negação da “consideração de gênero literário, a articulação de conceitos” à premissa do protestantismo.

Será que o Padre desconhece a imensa cooperação dos exegetas protestantes à teologia, a qual é reconhecida e publicada por editoras católicas?

A tradição reformada produziu contribuições profundas à teologia por estudiosos versados no grego, hebraico e latim; interpretes, exegetas e teólogos estudiosos da historia, geográfica e arqueologia bíblicas reconhecidos.

Entre católicos e protestantes não faltam eruditos competentes para considerar o texto original, o contexto cultural e o gênero literário dos textos bíblicos.

Não é por falta de competência para produzir hermenêutica, até mesmo proveitosa para um padre estudioso e honesto da igreja romana, que vieram a existir as divergências e controvérsias religiosas. 

Que desonestidade do padre não admitir que, não haja exclusão pelo princípio reformado do Sola Scriptura à exegese e a hermenêutica; nem de aplicação de métodos diversos na interpretação bíblica. Não agiu com ética e honestidade intelectual; mas, fez o que lhe interessou fazer.

O padre pode puxar a sardinha para o seu lado à vontade, desde que seja honesto.

A Bíblia interpreta a própria Bíblia. Não precisa ser linguista para entender o que se pode ler numa boa tradução. Ainda mais, quem conhece a Bíblia pode aferir que, o Novo Testamento interpreta o Velho Testamento, uma parte das Escrituras lança a sua luz sobre a outra.

O Espírito Santo é quem nos guia à toda Verdade, desde que não sigamos aos falsos profetas, mas a Cristo.

Falsos profetas existem entre os papistas e não papistas; não faltam novos papas. Portanto, Cristo mesmo exorta: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” (João 5.39).

As Escrituras nos advertem sobre esses falsos profetas: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.” (Mateus 7.15).

E ainda o apóstolo nos adverte: “Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho". (Atos 20.29).

A Bíblia nos dá o exemplo dos Cristãos de Beréia para aferirmos a interpretação, os quais eram "mais nobres que os de Tessalônica"; os quais ouviram com avidez as palavras do Apóstolo Paulo, mas consultaram as Escrituras para aferir a sua credibilidade.

Parece incrível que um padre, uma tradição, um magistério ou um papa reivindique para si uma autoridade maior que a apostólica pretextando falar em nome dela própria. Notemos como convêm a prudência exaltada como nobre, dos irmão de Beréia:

"E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens" (Atos 17.10-12).

O Sola Scriptura tira a exclusividade de um colegiado privilegiado de papistas que tenta impor ao povo a sua vontade criando dogmas, normas e tradições, as quais não somente inexistente na Bíblia, como são absolutamente antibíblicas.

O que historicamente tem sido feito despoticamente pela Tradição e pelo Magistério romano imitado pelos protestantes herdeiros de práticas imperialistas e autoritárias do papismo medieval?

Não me refiro às Guerras e execuções. Mas, a imposição pelas armas. Não é verdade que os padres da antiguidade e alguns reformados justificaram a execução de hereges e disputas armadas?

Não é o Sola Scriptura que difama o cristianismo, mas o distanciamento dele, quer seja por católicos ou protestantes.

A rendição à autoridade da Tradição e do Magistério despótico da ICAR ou de qualquer outra igreja que, não admita a iluminação do Espírito Santo e o livre exame das Sagradas Escrituras é uma atitude equivocada.

O padre apela ao bom senso e humildade e reafirma citando Chesterton que "a Bíblia por si mesma não pode ser a base do acordo quando ela é a causa do desacordo" e apela ao depósito e garantia da Bíblia pelo testemunho da própria Igreja.

Ora, se a Igreja um dia afirmou que o Evangelho segundo Lucas é verdadeiro e o segundo Maria Madalena é falso, deveria como os protestantes perseverar em recusar as adições deste e de outros “evangelhos”.

A Bíblia foi preservada e organizada pela graça e providência de Deus através de instrumentos humanos, dentro de uma tradição humana que a reconheceu e a ela se submete.

Agora, a ICAR  não pode invocar a própria autoridade como Igreja para mudar ou adicionar à Bíblia qualquer coisa; quer seja por novas revelações do Espírito, vontade de indivíduos ou tradições humanas, uma vez que afirmou no passado a sua incontestável suficiência e autoridade.

Infelizmente, é verdade que, agora, nesta tradição (ICAR), a Bíblia está sendo desprezada e reduzida, quando posta ao lado, ou seja, igualada à Tradição e ao Magistério.

O livros bíblicos foram reconhecidos utilizando-se de critérios de canonicidade que certamente excluiria qualquer texto produzido por esta Tradição e pelo Magistério.

O padre critica a “muitos católicos que se deixam levar por aquela famosa pergunta: "Onde está na Bíblia?” como se não fosse na Bíblia que eles deveriam buscar sua resposta, mas na interpretação autorizada do Magistério.

Logo, o problema é mais grave do que se imagina, já que a Bíblia foi posta abaixo da Tradição e subserviente dela.

O maior ato de desonestidade intelectual do padre acontece precisamente quando ele acusa os protestantes de tomar para si a autoridade desse Magistério.

Absolutamente não, os protestantes de reta doutrina que, adotam o Sola Scriptura, estão restaurando à Igreja, desde a Reforma no Século XVI, a autoridade e a veracidade do Antigo e do Novo Testamento abandonada pelo Magistério e por parte da tradição que invoca.

A recusa do papado em devolver a Bíblia ao seu lugar de autoridade, equivale dizer que, eles decidiram rejeitar e negar as próprias Escrituras e sua autoridade e credibilidade.

Essa Tradição e Magistério contraria a tradição apostólica, mesmo enquanto se declaram proprietários ou depositários da Bíblia, para reivindicar o direito de fazer dela o que desejarem.

A questão é que determinadas práticas reivindicadas pelos papistas, de fato, ficaram insustentáveis biblicamente, as quais passaram a ser justificadas e fundamentadas pela Tradição e pelo Magistério.

A ICAR sofre a consequência do fato de terem abandonado a Bíblia. Por isso negam o Sola Scriptura. Obviamente, muitas doutrinas e práticas romanistas não se sustentam somente pela Bíblia.

O abismo apresentado até agora, chama outro abismo, e o padre não poderia permanecer somente na critica aos protestantes; por isso, partiu para um ataque frontal à Bíblia; ele afirma que ela:

1. “Não é a premissa fundamental”.

2. “Possui argumentos aparentemente contraditórios”.

3. Admite que “é a interpretação autorizada da Igreja que a ilumina e revela a intenção de cada autor sagrado”.

Logo, o padre permanece fiel à posição medieval que enclausurou a Bíblia até a Reforma Protestante.

Hoje é possível a milhares de católicos lerem e conhecerem as Escrituras se desejarem; graças à Reforma Protestante.

Outras afirmações do padre são geradas pelo seu espírito sectário e demonstram ignorância histórica. Talvez de propósito, por isso, nem merecem uma refutação.

Ainda que seja um ataque frontal à autoridade da Bíblia, não são argumentos fortes e evidenciam uma exibição de seu orgulho religioso; depõem por si mesmo contra o objetivo do padre.

Apesar de tudo, percebi que o padre melhorou no trato com os protestantes, parou de vociferar ofensas do tipo: “protestantes idiotas!” Como já fez; mas, ainda não entendeu que um protestante insiste na afirmação de que a Bíblia é a única regra de fé e prática; não por fruto de ignorância, mas, trata-se de algo que distingue histórica e fundamentalmente um protestante de um católico.

Não basta usar pronomes de tratamento e substantivos generosos numa conversa; para um bom dialogo é necessário respeito.

Não nos interessa negociar a autoridade da Verdade confinada na Bíblia e ceder um palmo sequer à Tradição e ao Magistério romanistas, em nome da unidade dos cristãos.

Isso não significa que, nos falta humildade e respeito, mas que temos a convicção da nossa fé e um santo temor de Deus; não queremos ser incoerentes com a nossa confissão.

Podemos respeitar e socorrer o ser humano, independente da sua religião, considerarmos a dignidade do homem feito imagem e semelhança de Deus.

Reconhecemos pontos em comum com o catolicismo romano no conteúdo moral e social do Evangelho, como a rejeição do racismo, do aborto, do divórcio, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da intolerância religiosa, etc.; acreditamos que podemos lutar juntos, por esses e outros interesses em comum.

Desejamos esclarecer alguns pontos discordantes fundamentais ou desfazer o espantalho que alguns sacerdotes papistas tem construído da Fé Reformada.

Acreditamos que, sejam boas as intenções de alguns papistas em diminuir o distanciamento e construir um melhor relacionamento e cooperação “ecumênica”, mas, ainda que sejamos muito resistentes, ou rejeitemos o ecumenismo proposto por Roma, não se trata de falta bom senso e humildade, mas queremos ser respeitados nisso também, o que já seria um bom começo para uma boa conversa.

Não desprezamos a Cristo, Sua Palavra é para nós a Verdade está acima de todo testemunho humano; não importa a autoridade e espiritualidade que invoquem os indivíduos ou as instituições.

Nós protestantes ou reformados nos vemos separados de homens e muito unidos a Cristo e a Sua Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, verdadeiramente.

Celebramos os sacramentos que Jesus Cristo ordenou; empenhamo-nos no que seja bíblico para a santificação de nossas almas e recusamos as invenções das tradições humanas.

Não invocamos a autoridade de uma interpretação particular da Bíblia, como acusa o padre, mas de Jesus Cristo nos falando a Sua Palavra: a Bíblia Sagrada.

Nisso não temos pecado. Sendo temerária a condenação que temos recebido do padre por recusarmos sua autoridade imperial humana. A autoridade dos padres está decadente e contaminada pela superstição, idolatria e carnalidade.

No passado, tal autoridade não apenas predominava, mas, também, dominava politicamente o mundo, explorava e escravizava. Historicamente, a Reforma Protestante foi uma benção para todos. Não foi perfeita, mas foi abençoadora.

Foi necessário que a ICAR perdesse a sua predominância e hegemonia em sua unidade com o império, para que mundo fosse liberto da ignorância e da escravidão; especialmente da escravidão dos negros e dos pobres.

Acredito que, as igrejas protestantes foram tentadas, e muitas já caíram nas mesmas desgraças que a velha igreja romana.

Hoje é necessário e urgente uma nova reforma no protestantismo; mas, uma nova reforma hoje, também será a reafirmação do mesmo princípio: SOLA SCRIPTURA.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

EU ESTAVA SONHANDO, MAS AGORA ACORDEI


Eu sonhava com um governo dos trabalhadores; saia às ruas e ocupava todos os espaços públicos com muitos outros jovens e nos empenhávamos em conscientizar as pessoas a votarem em um candidato que, fosse um legítimo representante dos trabalhadores: O Lula, metalúrgico e sindicalista. Nesta ocasião eu fui desafiado a pensar com estes jovens na hipótese levantada por um senhor na rua.

O que vocês vão fazer se ele trair os trabalhadores, e, começar a roubar igual os outros quando chegar ao poder? Quando ele encher o próprio bolso, da família e dos comparsas? E, ficarem todos milionários? Não vocês, mas os que forem governar com ele, a cúpula do partido? Depois começarem a explorar os pobres? Por quê alguém tem que pagar a conta, não é mesmo!?... O que vocês vão fazer?

Eu levei esse questionamento para o núcleo de base do PT. E a resposta unanime a que chegamos era que, a base, e, éramos nós, a militância do partido e dos movimentos sociais, sairia às ruas para a deposição do traidor do povo e da classe trabalhadora. O nome "impeachment" ainda não era nosso conhecido. Hoje, qual é a conclusão?... Isso era uma mentira.

O petismo é uma mentira e uma grande hipocrisia. Dois tipos de militantes ainda existem no PT, os que mamam e são cúmplices da corrupção, e, os ignorantes que são manipulados pelos que mamam. Termos pejorativos expressam o ridículo que fazem os "militontos", "idiotas úteis", "petralhas", são pessoas que não apresentam racionalidade e não conseguiram reagir com independência; são reféns e capangas da grande máfia que o partido se tornou.

A única esperança de mudança e combate à corrupção, pelo menos, de deter a exploração e os aumentos abusivos de impostos, preços dos combustíveis e da energia reincidindo nos preços das compras no supermercado, etc., e, quem sabe, até reverter a recente perda de direitos dos trabalhadores e das viúvas, é um despertar geral do povo brasileiro à favor dos movimentos dos "coxinhas" pelo impeachment de Dilma Rousseff e o banimento definitivo dessa quadrilha da política brasileira.

sábado, 23 de maio de 2015

UM COMPROMISSO RADICAL: PEQUENINOS APROVADOS (Conclusão)

Exposição de Lucas 9.43-62, por Anatote Lopes

Recordemos o princípio positivo da nossa introdução:

Sejamos um, em Cristo, aprovados, servindo uns aos outros em amor. E, seja engrandecido o nome do nosso Senhor. 

Meditamos sobre o que Cristo fez aos seus primeiros discípulos, e, também, pode fazer a nós para a glória de Seu nome: 

1° Cristo quer diminuir a nossa arrogância: De achar que podemos ser servos de Cristo sem sofrimento no mundo. O Filho de Deus foi pendurado numa cruz para consumar a nossa salvação, nos redimindo pela sua morte, mas, não prometeu a ninguém uma vida sem sofrimento.

2. Cristo quer humilhar o nosso orgulho: De achar que somos alguma coisa, maiores ou melhores, e que merecemos alguma coisa; de ter a presunção de qualquer primazia ou direito, os quais o nosso Senhor não reivindicou no Seu ministério terreno. 

3. Cristo quer provar a nossa renúncia: Cristo faz uma prova radical da nossa renuncia. Exige nossas “mãos no arado”, ao serviço de Deus e do próximo, que não olhemos para trás e que tomemos a nossa própria cruz e o sigamos.

Murmuramos do peso da nossa própria cruz; quantas vezes nós queremos entregar a nossa cruz. A murmuração também foi um pecado comum do povo de Deus no Antigo Testamento em sua peregrinação no deserto. O murmurador não peca sozinho, mas induz o outro a pecar; pois estando no fundo do poço não quer sair e ainda quer puxar o outro para lá. 

Deus não aceitou nenhuma desculpa para se adiar um compromisso; não é possível por a mão no arado e olhar para trás sem que seja considerado inapto para o Reino de Deus. Não é possível servir a dois senhores; o discípulo é chamado a abrir mão de seu conforto, tem disponibilidade para servir a Deus e não pode dar desculpas e estar ocupado com outra coisa quando for convocado; porque ele segue a Cristo com prioridade.

O versículo 58 diz que o filho do homem não tem casa. Ele chama aos discípulos para segui-lo e não para viverem embaraçados, sequer com os cuidados da sua própria casa. Tem gente que pensa assim: “mas, isso deve ser só para pastor...” Será? Vamos pensar mais sobre isso... 

O discípulo é um servo e tem a Cristo como Senhor que, está vivo, reina e exige prioridade; nosso Senhor espera que sepultemos os nossos pais primeiro, para só depois segui-lo? De acordo com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que nós lemos hoje, é possível você dizer: “não vou seguir a Jesus porque estou cuidando do meu pai? Deixe-me sepultar meu pai primeiro, depois, eu sigo a Jesus?”. É possível isso irmãos? Os irmãos leram o texto? 

Quando o Senhor Jesus disse: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.” Quanto a nós? Preguemos o Evangelho! O discípulo não pôde dizer sequer: “Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa”. O discípulo não pode dizer isso sem ouvir a réplica do Senhor: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.”.

Ás vezes as pessoas dizem: “isso é para os pastores” e outras vezes dizem: “isso só para Cristo, pois ele era Deus”. Esvazia-os de sua humanidade para dizer que isso é impossível: imitar a Cristo. Devemos dizer que o Cristo é o homem perfeito, nossos pastores são homens iguais a nós, portanto imperfeitos. Cristo é o nosso Deus perfeito para exigir de cada um nós que, perfeitamente o imitássemos com a ajuda do Espírito Santo. Os pastores que fracassaram nessa imitação, apresentam as mesmas desculpas que cada um dos crentes. 

O Evangelho é para todos. Mc 8.34: “Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. Costumo dizer que as nossas desculpas servem para nós, mas biblicamente eu não posso dizer que servem para Deus. Ainda que a gente diga assim: “Deus sabe das minhas dificuldades”, “Deus sabe das minhas lutas”... Deus sabe. Por isso mesmo! Porque Ele sabe pode nos dizer o seguinte “negue-se”: “Eu os chamei para serem meus imitadores”, “Eu poderia perguntar para vocês assim:” “Eu desci da cruz? Ou, eu cumpri a minha missão?”.

Espera ai? O que ele fez? Ele chamou todos os seus discípulos, os seus apóstolos e toda a multidão, mas não deixou ninguém dizer: “eu estou fora dessa, Senhor, porque eu estou cuidando da minha mãe." Ou "do meu pai", ou porque "eu estou com um compromisso inadiável”, como em outras circunstancias, alguém disse: “comprei uma junta de boi e tenho que experimentá-la”; Ele não excluiu ninguém. 

Senhor? Tinha que ser radical o compromisso? Tinha não! Tem que ser! O Evangelho do Senhor não muda! Aqueles que adulteram o Evangelho de Jesus para que seja mais folgado para vocês é falso profeta e mentiroso. Quem transforma o Evangelho numa graça barata: perdão sem necessidade de arrependimento? Fé e adoração sem necessidade de compromisso? Isso não é o Evangelho, mas um ensino falso. 

Essa é a Palavra do Evangelho: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. Siga o exemplo Dele que, não desistiu da cruz, ainda que Ele também tenha sido tentado: “se tu és o filho de Deus, desça daqui e tire a nós também”... Ele ignorou estas palavras. A tentação de entregarmos a nossa própria cruz é muito grande amados irmãos! Tome a tua cruz... 

Se você não assumiu um compromisso radical com Cristo, então você não assumiu o compromisso que ele exige. Talvez você tenha assumido o compromisso que você pensou que era o Evangelho, para livrar a sua pele... Bem... Isso não deu certo... Talvez tenha se arrependido agora: “ah se eu soubesse que era assim eu não teria me tornado cristão", "porque se alguém me dissesse isso eu não teria aceitado um compromisso tão radical”... Você aderiu a um “evangelho” falso que não exige um compromisso radical... Você foi atraído pelo canto da sereia. Você foi atraído para permanecer na morte. 

Paul Washer diz que, “o falso evangelho mantém muito mais pessoas no inferno do que todas as heresias”. Para que haja mudança, você não pode fazer uma confissão seguida de um “mas”, porque toda confissão seguida de um “mas” não é uma confissão sincera. A consequência de por a mão no arado e olhar para trás é sermos reprovados e considerados inaptos para o reino de Deus... Eu não quero isso... Acredito que nem você... 

Não se renda às suas próprias fraquezas e “razões” e não olhe as circunstancias para continuar murmurando, doente espiritualmente, desanimado, inapto para o reino de Deus. Tem muita gente que diz ter entregado o seu coração à Cristo que, agora Ele habita em seu coração. Será que de coração você está arrependido de seus pecados e que fora perdoado? 

Talvez até agora você tenha o servido errado. Essa mensagem radical que ele nos deu é necessária: arrependemo-nos dos nossos pecados e andemos como forasteiros. Quem vive como peregrino? Pense a si mesmo, a sua caminhada, você tem vivido como um peregrino no mundo? Você vive no mundo como um cidadão do Céu e da Nova Jerusalém? Um cidadão que habitará a cidade santa?

(Assim publico a conclusão do sermão pregado na Igreja Presbiteriana de Dracena no dia 26/04/2015; a primeira parte foi a introdução publicada no domingo 03/01/2015 no semanário n° 196 e a conclusão no nº 200. A introdução e os tópicos (identificados como parte II, III e IV) podem ser encontrados nas nossas páginas no Facebook e no Blogspot.)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

UM COMPROMISSO RADICAL: PEQUENINOS APROVADOS (IV)


Exposição de Lucas 9.43-62, por Anatote Lopes


Cristo quer provar a nossa renuncia. Jesus prova aos seus discípulos neste texto (Lucas 9:57-62). Este texto da “mão no arado” foi cantado pelo Grupo Logos para uma geração de crentes que repetiram essa canção muitas vezes: “quem tem posto a mão no arado, não pode mais olhar atrás”... Todo crente conhece essa frase. Principalmente, os que são maiores de 40 anos, mas está aqui... É a palavra do Senhor Jesus Cristo que nós lemos.

Jesus prova seus discípulos quanto aos cuidados materiais: nosso compromisso com o mundo ou com o seu Reino de Deus. Quanto a este compromisso ele vai tocar num ponto nevrálgico do ser humano que, é exatamente, o relacionamento dele com os seus pais, seus irmãos, isto é com a sua família. Neste ponto que, os seus discípulos estão sendo provados, e, muitos neste ponto, foram reprovados segundo o texto das Escrituras Sagradas. Considerados não apenas fracos espiritualmente, cansados e desanimados, mas, inaptos para o reino de Deus.

O discípulo de Cristo não pode ficar embaraçado com tantas distrações e deleites no mundo e nem medir esforços e exigir condições favoráveis ou confortáveis para servir a Deus. As distrações e deleites do mundo precisam ser ordenados segundo o Quanto Mandamento para que, não nos atrapalhem de servir a Deus. Não podemos chegar diante de Deus com todas essas preocupações e interesses mundanos e pedir para o Senhor acomodar o Seu propósito à nossa agenda, ou, como um motivo para dizer para Deus: ‘Espere mais um pouco’.

Nós olhamos para o texto das Escrituras Sagradas e percebemos que o homem está constantemente numa corrida em busca de conforto e de prazeres, atendimento de suas necessidade e satisfação de suas ambições, mesmo que neguemos não raro nos esquecemos da esperança para a qual Cristo nos comprou com o seu sangue. Nós nem pensamos nisso!? Nós estamos muito preocupados com a vida neste mundo. Não pensamos na construção que Cristo foi realizar para nós quando ele disse: “vou preparar-vos morada”...

O compromisso que Cristo exige de nós é bem diferente da proposta do evangelho barato, da prosperidade, pregado nas igrejas falsas dos falsos profetas. Ele exige prioridade. Não faz uma oferta de solução para os nossos problemas de saúde, família e finanças, pelo contrário, nos ensina que essas soluções que nós muitas vezes buscamos não têm tanta importância.

Mesmo o tipo de amor pelas pessoas da nossa família, parentes e amigos que, não raro, impedem-nos de pregar, não tem a prioridade que ultrapasse a verdade e a urgência da mensagem de amor do Evangelho. O compromisso do Evangelho está acima do nosso amor por nós mesmos, o compromisso do Evangelho é levado como prioridade acima das nossas necessidades e sentimentos pecaminosos... O servo do Senhor está pronto para morrer... O compromisso do Evangelho é amarmos e seguirmos a Cristo sem qualquer reserva, pretexto ou desculpa para deixa-lO, nem dizer: ‘espere um pouco mais Jesus’.

O Senhor Jesus nos apresenta até uma situação como esta: “me deixa sepultar primeiro o meu pai”... Nem este motivo ele admitiu... Não vamos ver Jesus Cristo aceitando nossas desculpas em lugar nenhum das Escrituras. As nossas razões são muitas, mas, Jesus não aceita nenhuma delas... Não aceitou nenhuma das desculpas apresentadas por Moisés e nenhum dos profetas ou pelos apóstolos e nenhum dos primeiros cristãos. Todos eles tiveram que assumir um compromisso radical de sofrimento, de dor, de angustia e de morte.

O Evangelho exige um compromisso radical.

(Terceiro tópico do sermão pregado na Igreja Presbiteriana de Dracena no dia 26/04/2015; a primeira parte foi a introdução publicada no domingo 03/01/2015 no semanário n° 196. A introdução e o primeiro e o segundo tópico (identificado como parte II e III) podem ser encontrados nesta página e nas páginas da igreja no Facebook. Ainda continua...)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

RAFAEL: DEUS SARA

Por Anatote Lopes

No ano de 2008 residia em Valparaíso de Goiás no Estado de Goiás, cidade da região geoeconômica de Brasília, Distrito Federal. Eu era arrolado como membro da Igreja Presbiteriana de Valparaíso, já havia concluído o curso teológico do seminário desde 2006, servia desde 2004 como evangelista junto à Congregação Presbiteriana do Jardim Zuleica, no distrito de Jardim Ingá, município de Luziânia, Goiás, também no entorno da capital do Brasil.

Para aceitar o desafio citado no parágrafo anterior tive que aceitar a condição de deixar o trabalho de projetista e vendedor de móveis sob medida para cozinha, em Brasília, e me submeter a um orçamento muito apertado para sustentar a minha casa, com uma côngrua perto de um salário mínimo da época; considerei essa situação como mais um desafio e prova para a minha vocação. Minha esposa Juliane, estava grávida do nosso segundo filho.

Ainda respirando o odor da perseguição e campanha contra mim no Seminário Presbiteriano de Brasília, sentia-me ferido e cansado, mas, não desanimado, sabendo que tinha de passar por decepções e experimentar cura interior, perdoar a todos os meus algozes e me livrar de todas as minhas magoas com a classe dos pastores. Foi quando disse que, era necessário andar muitas igrejas para encontrar um crente honesto e sincero, mas, para encontrar um pastor que assim fosse, seria necessário andar o dobro.

Orava muito por causa das minhas decepções, e, acreditava com terror que eu poderia me tornar como um deles se não protestasse e reagisse; na verdade eu temia mais a mim mesmo do que a eles, mas, também, temia que eu me tornasse uma pessoa magoada, perdesse a alegria da minha salvação, deixasse de expressar no rosto a determinação de viver para o serviço do Senhor e desistisse do ministério; nessas circunstancias escolhi o nome do meu segundo filho: RAFAEL - DEUS SARA.

O que parecia um bom motivo para minha desistência, tornava-se uma motivação para a minha luta, então, dizia que, jamais iria reproduzir o caráter e o modelo de muitos ministros e ministérios a mim apresentados, com raras exceções eram modelos de como não ser um pastor verdadeiro e de como ofender a Deus tomando o próprio nome do Seu Filho.

Venho compartilhar o que não consegui identificar na referência, talvez fizesse muito sentido na época. Relendo as minhas anotações deste terrível ano eclesiástico, encontrei as seguintes citações... “I 18” para: “Quanto a Palavra de Deus: é muito melhor ir mancando por este caminho do que correr bem fora dele.” E, “I 17” para: “É bem verdade que nisso somos diferentes uns dos outros: cada um inventa seus erros particulares”.

A GRAVIDADE DO SILÊNCIO

Por Anatote Lopes

Talvez eu provoque alguma decepção ao leitor protestante com esta história... Entrei o ano de 2008, meditando sobre os problemas que estava enfrentando na minha candidatura ao ministério ordenado; naquela semana havia pregado um sermão sobre a Presença do Espírito Santo, uma exposição de Atos 13.52; talvez encontre alguma anotação dele; pena que não pude rever o impacto desta mensagem naqueles dias.

Curiosamente, repreendeu-me, ou, orientou-me severamente um trecho deste texto, senão eu não teria anotado; se não estiver enganado, da regra de São Bento: “eu disse, guardarei os meus caminhos para que não peque pela língua: pus guarda a minha boca: emudeci, humilhei-me e calei as coisas boas”. Aqui mostra o profeta que, se às vezes, se devem calar mesmo as boas conversas, por causa do silêncio, quanto mais deverão ser suprimidas as más palavras, por causa do castigo do pecado? Por isso ainda que se trate de conversas boas, santas e próprias a edificar; raramente, seja concedido ao discípulo falar, por causa da gravidade do silêncio, pois está escrito: “falando muito não foges do pecado,” e em outro lugar: “a morte e a vida estão em poder da língua”. Com efeito, falar e ensinar compete ao mestre; ao discípulo convém calar e ouvir. Por isso, se é preciso pedir alguma coisa ao superior, que se peça com toda humildade e submissão da reverência. Já quanto às brincadeiras, palavras ociosas e que provocam riso, condenamo-las em todos os lugares a uma eterna clausura, para tais palavras não permitimos ao discípulo abrir a boca.”

Quem me conhece sabe que nunca cessei as brincadeiras, nem as conversas; sou do tipo tagarela e contador de anedotas e tenho arcado com as consequências da minha tagarelice e do meu humor; mas, nunca considerei inúteis as minhas brincadeiras e sem importância as minhas conversas, não pude assumir a radicalidade de um monge e continuei, talvez, “pecando” muito com as palavras e sofrendo as consequências.

Tenho certeza que pequei com a língua muitas vezes, mas, também, com as palavras da minha língua corações se alegraram e casas em ruínas foram edificadas. Aprendi que há tempo para todas as coisas, e, quem sabe, logo eu chegue à maturidade de um mestre para admitir a radicalidade do silêncio do discípulo. O fato é que não sou desobediente, mas, não estou convencido a silenciar as brincadeiras e as coisas boas, mas rejeito as más.

MINHA EXPERIÊNCIA COM O STATUS E AS NORMAS DA INSTITUIÇÃO

Por Anatote Lopes

Naqueles dias impactou-me uma frase: "O fiel ama a Deus como seu Senhor; e como a um pai, dedica-lhe amor. Ainda que não exista o inferno ofender a Deus lhe causa horror" (In Institutas, I.8. p. 62, versão adaptada da tradução de Odayr Olivetti). Eu cheguei a seguinte conclusão: livre do inferno eu poderia me ocupar em servir e me santificar para Deus. O que fui buscar como cristão na tradição presbiteriana. Não me importa a opinião dos preconceituosos, ateístas, anti-institucionalistas, declaradamente anticalvinistas, etc., a Bíblia, a teologia reformada e a instituição muito me contribuíram para isso até agora.

No dia 13 de janeiro de 2008 fui pregar, à convite do Pr. Flávio, na Primeira Igreja Batista de Morada Nobre, em Valparaíso de Goiás, um sermão intitulado: “O Pastor e Suas Ovelhas”, uma exposição do Salmo 23, por ocasião do descanso pastoral do amigo. Depois de exaltar o Bom Pastor, o diácono que presidiu o culto, chamou-me “pastor”, mas eu recusei o título esclarecendo que era apenas um “seminarista”, um estudante, então ele demonstrou saber algo sobre mim, fazendo a cortesia de informar à igreja que havia concluído o curso e pastoreava o campo da Igreja Presbiteriana em um bairro de Luziânia não muito longe dali.
Seguiu-se então a convocação para eu impetrar a bênção. Eu sabia que “impetrar a bênção” na IPB é um ato solene e oficial, quando o pastor roga a benção de Deus sobre a igreja no final do culto, portanto, uma atribuição privativa do Ministro. Apesar de estar numa igreja batista, aleguei minha impossibilidade sob o protesto discreto do diácono que presidia o culto, o qual me lembrou: eu não estava na IPB, argumentando: portanto, ali não valiam as mesmas regras. Será?

Apresentei àquela igreja a oportunidade de orar com eles, expressei a minha gratidão, sentindo-me abençoado com a oportunidade de rogarmos juntos à Deus a bênção sobre toda Igreja de Jesus fazendo com eles a oração final, sem abençoar com a autoridade que Deus não havia me dado. Naquela semana a pregação e o meu gesto repercutiu; mesmo estando em uma relação muito conflituosa com o meu tutor, o mesmo, soube por terceiros e me parabenizou pelo posicionamento.

Lembrei-me das palavras do Senhor: “quem a si mesmo se humilha será exaltado”. Hoje eu admito quanta arrogância tinha no coração, na época não me conseguia ver como devia; todo ministro deve se enxergar como menos que nada; por essas e outras, não vou passar de um servo, quem sabe um camponês na Nova Terra, porque eu sei que muitos humilhados aqui serão reis e rainhas e habitarão a Cidade Santa, quando o Rei vier no Seu Reino, com os seus santos anjos com poder e muita glória. E me sentirei feliz, realizado, livre definitivamente do pecado, aperfeiçoado pelo poder da Sua morte na cruz e da ressurreição, como servo do Senhor adorarei diante do trono.

UM COMPROMISSO RADICAL: PEQUENINOS APROVADOS (III)

Exposição de Lucas 9.43-62, por Anatote Lopes

Cristo quer humilhar o nosso orgulho. Em Lucas 9:49-56 nos ensina que, o orgulho é a raiz da arrogância no coração dos discípulos gerando a contenda sobre qual deles seria o maior. Esta arrogância sobrevive até os dias de hoje com aqueles que defendem o primado de Pedro sobre todos os apóstolos e reivindicam a sua cadeira, mas, infelizmente entre os protestantes também existe. Do orgulho nasceram contendas entre judeus e samaritanos e entre os discípulos de João e os de Jesus.

O texto diz que os discípulos proibiram as pessoas que não seguiam com eles de usarem o nome de Jesus para expelir demônios. Mas Jesus os repreendeu (v. 50): “Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós.” Os samaritanos não permitiram a Jesus e seus discípulos passarem por suas terras porque os judeus e os samaritanos não se entendiam quanto ao lugar da verdadeira adoração. Ao serem impedidos os discípulos tiveram uma ideia: ‘orar para que caísse fogo do céu sobre os samaritanos’. Jesus novamente os repreendeu (v. 55-56): “Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir a alma dos homens, mas para salvá-las.”

Jesus já havia combatido o orgulho dos seus discípulos, ensinando-os como convém servir em qualquer circunstância e sem qualquer pretensão vitimista de serem recompensados pela sua luta, sofrimentos e angustias. Jesus também ensina que não deveriam ter qualquer presunção de grandeza e merecimentos pelos seus serviços e sua eleição e vocação. Nosso Senhor está combatendo as contendas entre os seus próprios discípulos, aplacando o ódio religioso deles, ensinando a tolerância e uma convivência pacífica de amor, mesmo que seja aos ignorantes ou aos seus próprios inimigos nunca retribuindo o mal com o mal.

Logo, o Evangelho de Cristo é incoerente com disputas e guerras religiosas que assolaram a humanidade, e, lamentavelmente, ainda provocarão muito derramar de sangue no mundo. Ensina uma convivência pacifica em sociedade, na diversidade, o que não implica mudar a Verdade de Deus e nem abandonar a missão evangélica da Igreja para aderir pensamentos e crenças contrárias ao ensinamento de Cristo.

O constrangimento que suprime a liberdade de consciência e a imposição do Evangelho pela força do braço e das armas não se fundamenta na Bíblia. Como está escrito: “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Zc 4.6). E ainda: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.”

(Segundo tópico do sermão pregado na Igreja Presbiteriana de Dracena no dia 26/04/2015; a primeira parte foi a introdução publicada no domingo 03/01/2015 no semanário n° 196. A introdução e o primeiro tópico (identificado como parte II) pode ser encontrada no Semanário e nesta página. Continua.)

ORAÇÃO DO PROFETA MENOR

A. W. Tozer

Senhor, escutei a tua voz e tive medo. Chamaste-me a uma tarefa solene numa hora grave e perigosa. Em breve abalarás todas as nações, a terra e também o céu, para que fique só aquilo que é inabalável. Senhor, nosso Senhor, aprouve-Te honrar-me chamando-me a ser teu servo. Só aceita esta honra aquele que é chamado a ser teu servo, visto ter de ministrar junto àqueles que são obstinados de coração e duros de ouvido. Eles Te rejeitaram, a Ti, que és o Amo, e não posso esperar que me recebam a mim, que sou o servo.

Meu Deus, não vou perder tempo a deplorar a minha fraqueza ou a minha incapacidade para o trabalho. A responsabilidade é tua, não minha, pois disseste: Conheci-te, ordenei-te, santifiquei-te, e também: Irás a todos aqueles a quem Eu te enviar, e falarás tudo aquilo que Eu te ordenar. Quem sou eu para argumentar contigo ou para pôr em dúvida a tua escolha soberana? A decisão não é minha, mas sim tua. Assim seja, Senhor; cumpra-se a tua vontade e não a minha.

Bem sei, Deus dos profetas e dos apóstolos, que, enquanto eu Te honrar, Tu me honrarás a mim. Ajuda-me, portanto, a fazer este voto solene de Te honrar em toda a minha vida e trabalho futuros, quer ganhando quer perdendo, na vida ou na morte, e a manter intacto esse voto enquanto eu viver.

É tempo, ó Deus, de agires, pois o inimigo entrou nos teus pastos e as ovelhas são dilaceradas e dispersas. Abundam também falsos pastores que negam o perigo e se riem das ameaças que rodeiam o teu rebanho. As ovelhas são enganadas por estes mercenários e seguem-nos com fidelidade, enquanto o lobo se acerca para matar e destruir. Imploro-Te que me dês olhos bem abertos para descobrir a presença do inimigo; que me dês compreensão para distinguir entre o falso e o verdadeiro amigo. Dá-me visão para ver e coragem para declarar fielmente o que vejo. Torna a minha voz tão parecida com a tua que até as ovelhas doentes a reconheçam e Te sigam.

Senhor Jesus, aproximo-me de Ti em busca de preparação espiritual. Pousa a tua mão sobre mim. Unge-me com o óleo do profeta do Novo Testamento. Impede que eu me transforme num religioso e perca assim a minha vocação profética. Salva-me da maldição que paira sombriamente sobre o sacerdócio moderno; a maldição da transigência, da imitação, do profissionalismo. Salva-me do erro de julgar uma igreja pelo número de seus membros, pela sua popularidade ou pelo total de suas ofertas anuais. Ajuda-me a lembrar-me de que eu sou profeta, não um animador, não um gerente religioso, mas um profeta. Que eu nunca me transforme num escravo das multidões. Cura a minha alma das ambições carnais e livra-me do prurido da publicidade. Salva-me da servidão das coisas materiais. Impede-me de gastar o tempo entretendo-me com as coisas da minha casa. Faze o teu terror pousar sobre mim, ó Deus, e impele-me para o lugar de oração onde eu possa lutar com os principados, e potestades, e príncipes das trevas deste mundo. Livra-me de comer demais e de dormir demais. Ensina-me a auto-disciplina para que eu possa ser um bom soldado de Jesus Cristo.

Aceito trabalho duro e pequenas compensações nesta vida. Não peço um cargo fácil. Procurarei ser cego aos pequenos processos de facilitar a vida. Se outros procuram o caminho mais plano, eu procurarei o caminho mais árduo, sem os julgar com demasiada severidade. Esperarei oposição e procurarei aceitá-la serenamente quando ela vier. Ou se, como por vezes sucede aos teus servos, o teu povo bondoso me obrigar a aceitar ofertas expressivas de gratidão, conserva-Te ao meu lado e salva-me da praga que a isso freqüentemente se segue; ensina-me a usar o que porventura receber de tal modo que não prejudique a minha alma nem diminua o meu poder espiritual. E se a tua providência permitir que me advenham honras da tua Igreja, que eu não esqueça naquela hora que sou indigno da mais ínfima das tuas misericórdias, e que, se os homens me conhecessem tão intimamente como eu me conheço a mim próprio, me retirariam tais honrarias para as darem a outros mais dignos delas.

E agora, Senhor do céu e da terra, consagro-Te o resto dos meus dias, sejam eles muitos ou poucos, consoante a tua vontade. Quer eu me erga perante os grandes quer ministre aos pobres e humildes, essa escolha não é minha, e eu não a influenciaria, mesmo que pudesse. Sou teu servo para cumprir a tua vontade. Ela é mais doce para mim do que a posição, ou as riquezas, ou a fama, e escolho-a acima de tudo o mais na terra ou no céu.

Embora eu tenha sido escolhido por Ti e honrado por uma alta e santa vocação, que eu nunca esqueça que não passo de um homem de pó e cinza com todos os defeitos e paixões naturais que atormentam a humanidade. Rogo-Te, portanto, meu Senhor e Redentor, que me salves de mim próprio e de todo o mal que eu puder fazer a mim mesmo enquanto procuro ser uma bênção para os outros. Enche-me do teu poder pelo Espírito Santo, e eu caminharei na tua força e proclamarei a tua justiça - a tua tão somente. Anunciarei a mensagem do teu amor redentor enquanto tiver forças.

E, Senhor amado, quando eu for velho e estiver fatigado, demasiado cansado para prosseguir, prepara-me um lugar lá em cima e conta-me entre o número dos teus santos na glória eterna. Amém.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

UM COMPROMISSO RADICAL: PEQUENINOS APROVADOS (Introdução)


Exposição de Lucas 9.43-62, por Anatote Lopes

Neste texto (Lc 9.43-62), Cristo comunica a seus discípulos e a nós o que estava para acontecer: Ele estava para ser entregue nas mãos dos filhos dos homens. Quando Ele se apresenta como FILHO DO HOMEM trata-se de um título messiânico ou do Messias. Assim, Ele seria identificado como o Messias, o Filho de Deus que, estava para ser entregue nas mãos dos homens.

É interessante nos apercebermos, apesar de que Cristo haveria de sofrer, como já havia sofrido desde a sua encarnação, Ele sofreria continuamente em todo o seu ministério terreno; mas, Cristo contemplava o que estava por vir após o Seu sofrimento. Ele haveria de ser assunto ao céu. Mesmo sabendo que estava indo para Jerusalém, à morte, estava determinado a ir e no seu semblante trazia a alegria de todos os peregrinos que iam a Jerusalém para adorar a Deus.

Os samaritanos já estavam acostumados a bloquear a passagem dos judeus pelo seu território na tentativa de impedir que fossem a Jerusalém para adorar, porque entendiam que os fiéis deveriam adorar no templo dos samaritanos; havia uma controversa entre os judeus e os samaritanos quanto ao lugar da verdadeira adoração.

Os samaritanos reconheciam no rosto de Jesus que, Ele tinha um encontro marcado com Deus, mas eles nem imaginavam que Jesus estivesse indo para o seu calvário, porque nesses dias ainda não havia sido revelado o que, e quando, Jesus iria fazer por nós em Jerusalém, apesar de que, já se havia falado muito sobre isso, ainda não havia sido revelado a eles, isto é, eles ainda não podiam compreender.

Eu quero apresentar um esboço rápido para os irmãos do que nós temos a trilhar neste caminho (mensagem); vou fazer isto de forma muito rápida: Que tipo de embaraços Cristo estava interessado em em repreender? Mesmo tendo uma mensagem gloriosa e uma missão salvadora a realizar em Jerusalém, o Senhor Jesus Cristo ainda não revelara nada a Eles, mas, trouxe-lhes repreensões quanto ao orgulho inato do ser humano de sua história, luta e glória, de seus sofrimentos e angustias, e de seus serviços.

Ele nos apresenta uma repreensão contra o orgulho, e, também, vamos perceber uma repreensão contra a intolerância que, vem da arrogância de julgar-se grande coisa e desprezar os outros. Os discípulos neste momento já haviam caminhado com Jesus, viram o Senhor realizar muitos sinais e ficaram orgulhosos de serem discípulos dele. Àqueles que seguiam com Ele.

Nós vamos falar mais sobre este tipo de sentimento que surge no coração daqueles que se acham grande coisa, dos embaraços que o Senhor Jesus repreende nos seus discípulos: os embaraços com a própria casa, com os prazeres da vida, com as suas próprias ambições, necessidades, dinheiro, família e amigos, pessoas que fazem com que percamos de vista a esperança do paraíso, do novo céu, da nova terra e da cidade santa. Muitas vezes até desejamos permanecer neste mundo destinado a destruição.

Enfim, perceberemos a falta de um compromisso radical com Cristo: ‘por a mão no arado e não olhar para trás’, daqueles que se dizem arrependidos e perdoados de seus pecados, e, como isto não somente certifica que apenas estão doentes, desanimados ou debilitados espiritualmente, mas, que, de fato, são reprovados e considerados inaptos para o reino de Deus. (Cont.).

quinta-feira, 7 de maio de 2015

RAFAEL: DEUS SARA



Por Anatote Lopes​

No ano de 2008 residia em Valparaíso de Goiás no Estado de Goiás, cidade da região geoeconômica de Brasília, Distrito Federal. Eu era arrolado como membro da Igreja Presbiteriana de Valparaíso, já havia concluído o curso teológico do seminário desde 2006, servia desde 2004 como evangelista junto à Congregação Presbiteriana do Jardim Zuleica, no distrito de Jardim Ingá, município de Luziânia, Goiás, também no entorno da capital do Brasil.

Para aceitar o desafio citado no parágrafo anterior tive que aceitar a condição de deixar o trabalho de projetista e vendedor de móveis sob medida para cozinha, em Brasília, e me submeter a um orçamento muito apertado para sustentar a minha casa, com uma côngrua perto de um salário mínimo da época; considerei essa situação como mais um desafio e prova para a minha vocação. Minha esposa Juliane, estava grávida do nosso segundo filho.

Ainda respirando o odor da perseguição e campanha contra mim no Seminário Presbiteriano de Brasília, sentia-me ferido e cansado, mas, não desanimado, sabendo que tinha de passar por decepções e experimentar cura interior, perdoar a todos os meus algozes e me livrar de todas as minhas magoas com a classe dos pastores. Foi quando disse que, era necessário andar muitas igrejas para encontrar um crente honesto e sincero, mas, para encontrar um pastor que assim fosse, seria necessário andar o dobro.

Orava muito por causa das minhas decepções, e, acreditava com terror que eu poderia me tornar como um deles se não protestasse e reagisse; na verdade eu temia mais a mim mesmo do que a eles, mas, também, temia que eu me tornasse uma pessoa magoada, perdesse a alegria da minha salvação, deixasse de expressar no rosto a determinação de viver para o serviço do Senhor e desistisse do ministério; nessas circunstancias escolhi o nome do meu segundo filho: RAFAEL - DEUS SARA.

O que parecia um bom motivo para minha desistência, tornava-se uma motivação para a minha luta, então, dizia que, jamais iria reproduzir o caráter e o modelo de muitos ministros e ministérios a mim apresentados, com raras exceções eram modelos de como não ser um pastor verdadeiro e de como ofender a Deus tomando o próprio nome do Seu Filho.

Venho compartilhar o que não consegui identificar na referência, talvez fizesse muito sentido na época. Relendo as minhas anotações deste terrível ano eclesiástico, encontrei as seguintes citações... “I 18” para: “Quanto a Palavra de Deus: é muito melhor ir mancando por este caminho do que correr bem fora dele.” E, “I 17” para: “É bem verdade que nisso somos diferentes uns dos outros: cada um inventa seus erros particulares”.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

UM COMPROMISSO RADICAL: PEQUENINOS APROVADOS (II)


Exposição de Lucas 9.43-62, por Anatote Lopes​


Como saber que posso ser maior sendo o menor?

Parece que isso não é geometricamente lógico! Porque se é maior é maior, se é menor é menor... Então, a gente percebe que as coisas espirituais não acompanham muitas vezes a nossa lógica matemática.

O que posso fazer para ser aprovado?

O que nos embaraça? O quer dizer: atrapalha-nos...

Temos um princípio positivo nesta reflexão: Sejamos um, em Cristo aprovados, servindo uns aos outros em amor, para que seja engrandecido o nosso Senhor.

Parece que isto está muito desconectado de tudo que foi apresentado na introdução (semana passada), mas, no desenvolvimento do nosso estudo do texto, vamos perceber a sua conexão.

Nós vamos meditar sobre o que Cristo quis fazer aos seus primeiros discípulos, e a nós, hoje, discípulos dele também, para glória de seu santo nome.

Assim com fez com aos seus discípulos naquele dia:

1° CRISTO QUER TIRAR A NOSSA ARROGÂNCIA.

2º CRISTO QUER HUMILHAR O NOSSO ORGULHO.

3º CRISTO QUER PROVAR A NOSSA RENUNCIA.

Ele está disposto a fazer isso para que, sejamos um, em Cristo aprovados, servindo uns aos outros em amor, para que seja engrandecido o nosso Senhor.

Então vamos meditar naquilo que em primeiro lugar Cristo quer fazer:

CRISTO QUER TIRAR A NOSSA ARROGÂNCIA.

Vamos meditar nos versículos 46 a 48 tendo as nossas Bíblias abertas para acompanhar a exposição do texto que, mesmo sem reler, meditaremos nele, naquilo que o texto nos ensina.

A partir do versículo 43 o texto fala das coisas que o Senhor Jesus Cristo realizou entre os discípulos. Depois, mostra-nos que, eles sentiam certa presunção de grandeza em vez de se humilharem diante da demonstração do grande poder de nosso Senhor.

Como servos não deveriam se ensoberbecer, parece óbvio. Mais ou menos assim: Quem serve é um “servo”, e o servo é menor e se diminui diante da grandeza de seu Senhor. Mas, às vezes a gente consegue ver títulos assim como: “o grande servo do Senhor”. Quem já viu um anuncio assim? “Vamos ouvir a pregação do grande servo do Senhor”. Se fosse um servo deveria ser pequeno! Mas, eles estão sendo anunciados de forma a parecer muito maior do que o seu Senhor.

Qual é essa arrogância que o texto sugere? Os discípulos tinham essa presunção de grandeza. Eles tinham uma aspiração de posição e de glória diante dos seus irmãos. Uns com os outros disputavam a respeito de quem seria o maior. Soberba!... Caracterizada por um desejo ambicioso de ser superior.

Jesus então ensina aos seus discípulos, tomando como exemplo uma criança. Pegando o pequenino e colocando do seu lado, e, depois, exaltando esta criança acima de todos eles; (v. 48) disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome a mim me recebe; e quem receber a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é que é grande”.

Naquele momento o Rei dos reis declara a si mesmo servido por àquele que se fizer pequeno e se fizer servo daquela criancinha... Portanto: ‘Quer me servir? “Cuida desta criança.” “Sirva essa criança”. Ele exaltou aquela criança como sendo maior que todos aqueles adultos, homens chamados para uma missão que glorifica a Deus, mas, que, diante dela, eles deveriam ser pequenos. Diante daquele pequenino eles foram colocados menores; menores do que aquele baixinho, aquela criança pequena; o próprio Cristo nos deu o exemplo, fazendo-se ainda menor do que ela. Isto é: Ele mesmo se humilhando.

Nós sabemos que Paulo escreve sobre a humilhação do Filho de Deus quando ele diz que, ele mesmo se humilhou: Filipenses 2.6-8: “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” Como podem os apóstolos sendo seus discípulos serem maiores do que o seu Senhor? Porque no reino de Deus, o maior é quem serve.

O homem está doente da ponta dos pés a cabeça, porque não é o que deseja ser, Ele não deve desejar ser, não deve desejar ter, pois ele não deve incomodar-se em escolher, mas ele deve decidir obedecer e servir. Esse é o evangelho de Jesus Cristo pregado como o Cristo prega, muito incoerente com o tipo de "evangelho" falso que a gente tem ouvido no mundo.

As pessoas geralmente buscam as igrejas para suprir as suas necessidades que, são muitas. Eles vêm à igreja como a uma fonte de suprimento das suas necessidades e não de chamado para o serviço. Não é raro o cristão invejar o mundo e pensar que está em alguma desvantagem com o nome de cristão, porque a partir do momento que, o cristão decidiu-se chamar pelo nome de Cristo e fazer a vontade de Deus, sujeitando suas próprias necessidades, interesses e desejos à vontade de Deus ele se vê humilhado.

O homem pensa que ter uma posição no reino de Deus, muitas vezes, é se exaltar. Então, Cristo vem e diz para ele que ter uma posição no reino de Deus é se humilhar. Quem tem a missão de servir não está em nenhuma desvantagem e não precisa disputar uma posição, mas deve estar ciente de que o ultimo lugar e ser o menor de todos está bom para ele.

Nunca espere louvor ou reconhecimento, uma posição de destaque, contente-se com a graça de Deus e com o privilégio de realizar o seu serviço; aguarde para contemplar a glória de Deus, vislumbre como Cristo, quando Ele ainda haveria de passar por grande humilhação, dores e uma morte cruenta, contemplava a sua glória na ascensão e “manifestou, no seu semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém.” (Lucas 9.51).

Como canta o Salmo 115:1 “Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade.” Quem vem a Cristo vem com este sentimento e disposição, venha a cristo, não para receber algo de Deus, mas, para se entregar a Deus. (Transcrição do primeiro tópico do sermão pregado na Igreja Presbiteriana de Dracena no dia 26/04/2015; a primeira parte foi a introdução publicada no domingo 03/01/2015 no semanário n° 196).