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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

John Piper - Glória de Cristo

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ORAÇÃO DE ARREPENDIMENTO



Por João Calvino

Senhor Deus, Pai eterno e Todo-Poderoso, reconhecemos e confessamos diante de tua santa majestade que somos pobres pecadores. Nascidos na escravidão do pecado, propensos ao mal, incapazes por nós mesmos de fazer o bem, transgredimos todos os dias e de várias maneiras os teus santos mandamentos, e atraímos sobre nós, pelo teu justo juízo, somente a condenação e a morte. 

Porém, Senhor, sentimos uma viva dor por tê-lo ofendido; condenamo-nos, a nós mesmos e aos nossos defeitos, com verdadeiro arrependimento; recorremos à tua graça e te suplicamos que venha em ajuda a nossa miséria. Queira por isso ter piedade de nós, Deus bondoso, Pai misericordioso, e perdoa-nos os nossos pecados pelo amor de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Salvador. 

[Apagando as nossas manchas], concede-nos e aumenta-nos continuamente as graças do teu Santo Espírito, para que, reconhecendo cada vez mais as nossas falhas, sejamos vivamente tocados, e reneguemos tudo em nossos corações que não sejam das porções dos frutos de justiça e santidade, que te sejam agradáveis, Pai de amor, por Jesus Cristo o nosso Senhor. 

Amém.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

VIVENDO CADA DIA PRIORIZANDO JESUS

A cada dia as reuniões de planejamento e administração eclesiástica seguem as urgências e os interesses pessoais daqueles que deveriam colocar em primeiro lugar o cuidado do rebanho.

A maneira antiga de dirigir a igreja estabelecia um calendário eclesiástico voltado para o anuncio do evangelho, e, as reuniões de culto e as atividades da igreja priorizavam as datas deste calendário: as comemorações do Natal, Paixão de Cristo, Páscoa, Ascensão e Pentecostes. 

Hoje comemoramos datas comerciais como dias de pais, mães e crianças e dias do homem, da mulher dos presbíteros, dos diáconos, dos jovens e dos idosos, mas é comum no natal ou na páscoa, a igreja estar pouco atenta a importância dos eventos da história da Salvação que essas datas lembram.

Hoje seria o ultimo dia do ano eclesiástico. Podemos resgatar, retomar o uso do calendário eclesiástico, fazer nossas homenagens às pessoas fora do culto divino e recomeçar a anunciar o Natal quatro domingos antes do dia 25 de dezembro, valorizando o dia do Senhor e as boas novas de Salvação, anunciar o Evangelho e a causa do Evangelho deve voltar a ser a prioridade dos evangélicos.

Rev. Anatote Lopes

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"SEGUE-ME"


Sempre me orgulhei de não ter inimigos, não ter preocupações e encarar os problemas com muito bom humor, mas hoje? Hoje não tenho o mesmo bom humor. Trago muitas preocupações e dúvidas, decepções e frustrações, e, aprendi a viver contente e ao mesmo tempo preocupado, desconfiado e decepcionado.

O que me preocupa? Ora, o caráter dos crentes e dos pastores de hoje e o futuro da igreja evangélica. Porque ando desconfiado? Ora, antes podíamos confiar em um crente e em um pastor, minha experiência me tem feito olhar com desconfiança principalmente o uso da prerrogativa de “servo de Deus” pelos crentes e do título de “pastor” em contextos que a honestidade deveria ser provada pela ética, transparência e discrição. Decepcionado? Não deveria me decepcionar, já que somos todos pecadores. Mas, eu esperava mais, principalmente amor e perdão nos limites da Igreja.

Ah! Eu sou feliz! Meus filhos têm vovô, vovó, bisavô e bisavó, papai e mamãe, 21 primos, doze tios, além de uma família enorme, muitos parentes, tenho novos amigos e amigos e amigas a 10, 20 e 30 anos ou mais; como uma multidão que me apoia que me aconselha e às vezes releva quando erro, não deveria me preocupar com o falta de amor e de reconhecimento por parte de meia dúzia que agoniza e convulsiona na sua incompetência ou adoece na sua inveja ou no seu ódio, já que tenho o carinho destas centenas de pessoas que, mesmo quando discordam de mim, me apoiam. Afinal, tive a graça de ser desprendido de compensações, e indiferente às perseguições e extrovertido por tanto tempo, então, qual é o problema?

O problema é a pressão para que eu não seja eu mesmo. A invasão da minha privacidade, a inveja do insignificante feliz que eu sou, de como vivo e me relaciono com um circulo intimo e uma grande quantidade de amigos, aos quais, expresso minha admiração e respeito, minha franqueza e transparência, o que dispenso também aos meus inimigos. Meu sorriso incomoda mais que minhas palavras. Minha segurança em aparente derrota irrita mais que minhas queixas. As minhas alegrias incomodam. Minhas ideias incomodam, até minhas lutas e meus dissabores incomodam! Assim, descobri que esse mundo “plural” não tolera e não suporta quem pressionado não sede, quem não se rende quem não concorda e não aplaude os ícones da unanimidade, quem ousa pensar por si, quem não permite que o partido “A” ou o partido “B” pense por ele.

E o pior é exercer o direito de opinião. – Você discordando dele? Quem é você? Ora, sou eu no livre exercício do direito de pensar, de fazer a minha leitura, de escolher a minha hermenêutica, e de dizer com o que concordo e do que discordo. Afinal, os mortais também têm o direito de existir. Deixem-me existir na minha insignificância. Deixe-me fazer a minha agenda, a minha escolha, deixe-me seguir a quem desejo, deixe-me seguir o meu caminho; se você não quer caminhar comigo, não me diga para levar a sua carga pesada e nem para onde ir, se você não é meu amigo nem me dê o seu conselho, se você vai à frente ou se fica, deixe-me ir ao meu ritmo, ao som da voz que ouço, no compasso da batida que me anima, cantando a canção que me encanta. Se você não quer ouvir tampe os ouvidos até passar a minha banda, por que meu caro solitário amigo da unanimidade? Eu não sigo sozinho. Eu sou do bem. Não trago nada novo, mas procuro novo alento e renovo; outros do bem vêm comigo, seguindo o líder Servo, não a mim, mas aquele que disse com autoridade: “segue-me” (JESUS).
Às vezes tiro do bom tesouro coisas velhas, às vezes da mesma arca tiro coisas novas. Aprecio "vinho novo", mas não dispenso o "vinho velho"; tenho amigos gregos e troianos. Convém declarar novamente que a opinião de Deus é que me importa. O que Ele pensa de mim importa mais para mim do que a opinião de todos os amigos e inimigos que fiz na caminhada.

O que desejo dar a todos é o que às vezes não recebi: a compreensão, a tolerância, o respeito à diversidade sem abrir mão da minha posição, e, dar o que recebi; a saber: a preferência por alguns, a admiração sincera por outros, o apoio aos que necessitarem e me pedirem sem fazer exceção, mesmo aos meus inimigos, enfim, não dar a ninguém a glória e honra devida somente a Deus. E fazer ao outro o que se pode fazer em amor a Deus. A glória é de Deus.

Anatote Lopes, IPB, 2010 

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A REJEIÇÃO E A SOLIDÃO

Rejeição, perseguição, afronta, indiferença e ironia... As vezes nos leva a solidão, e, a solidão nos leva ao silêncio, e, no silêncio encontramos o conhecimento de Deus.
Mergulhamos num mar de dor e de alegria, de crucificação e ressurreição.
Emergimos ressuscitados para proclamar a grandeza do Deus vivo a quem queira ouvir.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DE PESSOAS E DE PÃO

          Com a impossibilidade lógico-matemática “um mais um é sempre mais que dois” o poeta e cantor da música popular brasileira afirma algo impossível. Uma verdade! Um milagre!
            Ele é o Beto Guedes, de Minas Gerais, e ainda que não trate deste assunto na canção, ele afirma o poder multiplicador da unidade e me faz pensar na comunhão dos cristãos e sua unidade no primeiro século.
            Me faz pensar na comunhão sacramental: “repartir o pão”; assim viviam os primeiros cristãos e cresciam em número, atendendo entre eles os que necessitavam do pão diário também.
            Ainda que não consigamos reproduzir o modelo desta comunidade primitiva, podemos, se quisermos, desfrutar da unidade e suas recorrentes vantagens, e encontrarmos a vivência da comunhão e a força que vem do partir do pão, no poder do Espírito Santo, como viviam os primeiros cristãos.

Rev. Anatote Lopes

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

OS TRÊS ÓCIOS E A VOCAÇÃO (OU O TRABALHO) PASTORAL


O que faço agora é o exercício de um “vagabundo” aos olhos de muitos, qual seja: pensar e escrever pensamentos. Pensabundo noctívago no terceiro turno de trabalho... Vagabundo de três turnos de trabalho? Isso mesmo. Eu sou pastor. Ser pastor é um grande privilégio! É que não cuido de gado ovino, bovino ou suíno, mas de gente. Esse nome de pastor é uma parábola, esse trabalho não é emprego, não é profissão, é chamada, é vocação, tal que ninguém pode compreender o mistério que existe neste chamado, senão aqueles que são vocacionados. Por que nem todos concebem precisar de alguém que cuide de suas almas, consideram um pastor algo totalmente desnecessário, inútil. Por isso, tentam dar outra finalidade ao ministério pastoral. 

Existem muitos falsos pastores! Dizem até que é fácil ser pastor nos nossos dias, mas ser pastor de verdade não é fácil. O primeiro turno de trabalho do pastor é no lar, junto à esposa e aos filhos. O segundo turno, nos campos do Senhor, junto às ovelhas que berram sem parar; berros, às vezes mudos e às vezes ocultos traiçoeiramente, além de outros compromissos eclesiásticos, administrativos, contatos que incluem outros pastores, autoridades e profissionais prestadores de serviços, além de divulgadores de seus próprios trabalhos que recorrem aos pastores para solicitarem algum tipo de apoio; e o terceiro turno, sob as estrelas, ao trepidar ruidoso da janela de uma casa antiga, ao ruído discreto do computador, leitura, reflexão, redação ou tendo às mãos, um livro de hermenêutica, teologia ou história eclesiástica. Ora, sermões não dão em árvores, a não ser um sermão pobre, podre, fraco, improvisado... É que até um bom improviso é fruto de uma mente preparada. O Ministério é de interpretar e servir as Escrituras para, por meio dela, exortar, consolar e ensinar.

Claro que às vezes, as demandas exigem uma miscelânea destas atividades no mesmo turno. O fato é que tudo isso, às vezes resulta em estresse e nem sempre colhemos os frutos do nosso penoso trabalho. As pessoas pensam que pastores não trabalham, ou que trabalham muito pouco, e poucos são os que nos defendem, até mesmo os colegas que pensam estar gozando de uma maior credibilidade. Muito do que o pastor faz não pode ser exibido para justificar a sua utilidade ou demonstrar o seu labor.

Minha rotina desde que me casei, sempre incluiu sair da cama de madrugada para levar minha esposa ao ponto de ônibus, por que morando sempre em lugar muito perigoso, e entendo ser zeloso e responsável, e não medroso; não vou deixar a minha linda esposa novinha com quem vivo já há mais de dez anos, em risco e à mercê dos bandidos, para depois figurar nos noticiários policiais como vitima de violência sexual ou roubo! Se for para isso acontecer, eu serei noticia, e se preciso, como morto, mas protegendo meu tesouro! Depois vieram os filhos e em seguida, alimentar e cuidar dos meus filhos, quando acordam, e depois, com um lanchinho no meio da manhã; um vai para creche mais cedo e o outro, até 13h30min, vai para escola de barriguinha cheia. No interregno, faço contatos eletrônicos e telefônicos, escrevo, posto artigos no blog, trabalho em um livro, leio e também faço meus exercícios físicos numa saída rápida para a academia. O que as demandas me fazem desistir durante semanas, nisso eu admito que esteja pecando.

Esse cuidado com a minha família e com o meu corpo, em primeiro lugar, foi um ponto muito positivo na avaliação por parte do meu tutor eclesiástico na ocasião que manifestou ser favorável à minha Ordenação ao Sagrado Ministério da Palavra e dos Sacramentos. Mas o populacho considera esse tempo dedicado ao bem estar da minha própria família e ao meu bem estar, um furto, e mesmo inconscientemente, comunicam que isso só deveria ser feito se sobrasse tempo.

Diz-se do indivíduo ocioso. Nós só pensamos no peso etimológico das palavras quando é lançado sobre nós. “Ocioso” é o indivíduo folgado, preguiçoso, e, a raiz desta palavra é “ócio”, a palavra “ocioso” não incomum utilizada para designar o indivíduo negligente e inerte. Do latim otiu, descanso, folga do trabalho. O tempo que dura essa folga. O lazer, vagar. Ociosidade. Mandriice, preguiça. Repouso. Sendo seu Antônimo, o trabalho e a ocupação. Mas existe “ocio”, um adjetivo que caracteriza o que está com cio (Apetite sexual dos animais em determinadas épocas). Significa correria, agitação, alvoroço, berra, brama, cavalgação, estro, o-cio das cadelas agitadas, o impulso deste ocio é sexual, é a libido a energia desta agitação, logo, o “ocioso” neste sentido, é o individuo que corre pelo instinto  animalesco e de sobrevivência, impulsionado pela carne e suas paixões. Ócio e ocio são dois extremos.

Vamos pensar em três ócios: moral, espiritual e intelectual e físico.

Existe um ocio, e ele é sempre moral, ou imoral. Não existe outra atividade mais comum entre pessoas ociosas do que a maledicência. Na caserna, aprende-se que a curiosidade banal, pelo cotidiano das outras pessoas e a maledicência, popularmente conhecida como fofoca, é um ví-cio  tipicamente feminino, (do latim: vitiu, um Defeito físico ou moral; deformidade, imperfeição. Defeito que torna uma coisa ou um ato impróprios, inoperantes ou inaptos para o fim a que se destinam, ou para o efeito que devem produzir). Mas sabemos que homens também manifestam esse ocio e vício. Pastores são alvos preferidos de gente que se ocupa de vigiar a vida alheia de longe e de fora, tirando conclusões precipitadas. No caso de nós pastores, pensam que gastamos (eu particularmente tenho sido afligido por esta gente ociosa) todas as primeiras horas do nosso dia, e de todos os nossos dias, ociosamente; dormindo.


Outro ócio perturbador é o ócio espiritual e intelectual. As pessoas acometidas pelo ocio, comumente padecem de ócio intelectual e espiritual correm de um lado para o outro e realizam muitas obras, mas todas são infrutíferas, e não raramente, más, porque seus impulsos são carnais e mundanos.

As atividades intelectuais e espirituais são comumente injustiçadas com a alcunha de ociosidade. O pastor em seu exercício espiritual é afligido e castigado, e em meio às dores e angústias, é Deus quem o visita e consola, a fim de que também dê a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia (paráfrase de Romanos 9:23). Os pastores verdadeiros têm a sua vocação sustentada pelo do amor e pela graça de Deus.

Há pessoas que dedicam suas forças físicas nas atividades que fazem e acham que o trabalho intelectual e espiritual é nunca trabalhar. Um amigo pastor narrou sua experiência de encontrar na saída da igreja um irmão amado, profissional do trabalho braçal que, ao cumprimentá-lo disse, esfregando os seus calos na mão lisa do pastor, segurando-o firme pelo pulso: “sente aqui pastor o que é uma mão de homem trabalhador.” É normal um homem ignorante pensar que a única atividade que pode ser considerada trabalho seja a que faz calos nas mãos.

Os ( o-cio’s) impulsos carnais e mundanos produzem o hiperativismo, o qual é uma marca no ministério e na igreja hodierna; é um excesso de atividades que não são a missão da igreja, não servem a causa do evangelho e não glorificam a Deus. Os ministros são levados a esse tipo de comportamento quando sedem à pressões de homens de mente secularizada (carnal e mundana), os quais não sabem que a preparação espiritual e intelectual precede qualquer ação; por exemplo: visitar é preciso, mas qual é o propósito da visita? Se for comunicar Deus às pessoas, como o pastor pode fazê-lo sem que antes ele mesmo dedique tempo para encontrá-lo em oração e meditação na Sua Palavra?

As atividades que não deveriam exigir a presença pastoral devem abrir espaço para àquelas que realmente exigem, e os verdadeiros preguiçosos devem cooperar, orando e trabalhando para apoiar o ministério, ao invés de praticarem a maledicência e a difamação daqueles que estão lavorando na seara do Senhor.

Aqueles que vivem o ócio espiritual e intelectual tendem a criticar a dinâmica de trabalho dos verdadeiros guias espirituais.Pessoas ociosas espiritualmente e intelectualmente às vezes se dedicam a alguma atividade que exige esforço físico, ou se dedicam às atividades seculares e são preguiçosas para o trabalho intelectual e para os exercícios devocionais da oração, da meditação e do jejum.

O trabalho espiritual e intelectual sob pressão dos ociosos espirituais e intelectuais sofre significativa perda. Tais ociosos não servem a Deus em suas difamações e maledicências, provocando aflições e dores na alma dos ministros. É diabólico o estratagema de fazer um ministro sentir pesar em não sair de casa antes de um exercício devocional particular ou um culto doméstico com a família, pois antes de ter um encontro com as demandas do ministério, o pastor precisa ter um encontro com Deus; antes de distribuir graça, ele deve receber as efusões da graça de Deus por meio da oração e da meditação. A cada dia, as dinâmicas adotadas pela igreja matam e distorcem o propósito da vocação para ser canal da revelação e da graça de Deus, e gera ministérios profissionais, preocupados em atender às demandas do povo, preocupados em manter a credibilidade e a aceitação popular. Foi para atender a essas demandas, que Arão fez um bezerro de ouro para o povo na planície, enquanto Moisés se demorava no monte do ócio sagrado, no lugar da Palavra de Deus, no santo lugar da revelação.

Quero ainda abordar o ócio físico, vilão da obesidade e conseqüência de enfartos, pressão alta e outras moléstias que acometem os homens modernos, e também os ministros do evangelho. Acredita-se até que pastores são homens barrigudos, que comem muita massa e liquido açucarado nas muitas visitas. No entanto, os compromissos e encontros pastorais devem abrir espaço na agenda pastoral para os encontros com Deus em oração, retiros, meditação na Escritura e jejuns. O corre-corre dos ministros profissionais que atendem as demandas idólatras impostas por homens ociosos espiritualmente e intelectualmente, não o livra do estresse, da hipertensão e da obesidade e suas conseqüências. Esse corre-corre do hiperativismo é espiritualmente improdutivo, regado a sacarose e cafeína e inflado por massa de farinha de trigo e de polvilho, e nem faz calar os maledicentes, e ainda leva a muitas enfermidades e à morte.

Conhecemos pastores que adoeceram a ponto de ficar depressivos e estafados, por não cuidarem “de si mesmos e da doutrina” (1 Timóteo 4.16); antes, atenderam às demandas pervertidas do ministério profissional e se exauriram, amargando juntamente com a enfermidade o fracasso ministerial. Por isso, se o ministro dormiu às cinco horas da madrugada, precisa do ócio, ou seja, precisa folgar e se recuperar por que se morrer, não tem nenhuma pensão para deixar para a viúva, a qual terá que desocupar a casa pastoral para o outro que vem; se não tiver para onde ir, Deus a livre e guarde! Se sobreviver precisa gozar de saúde física e mental para o exercício de seu oficio.

Cristo morreu pela igreja. Quem é que está exigindo um novo calvário? Somos pastores das ovelhas do Senhor e não a encarnação do messias para um novo sacrifício como se o único sacrifício por nossos pecados não fosse suficiente. Não somos deuses, somos homens! As ovelhas são dele, e ele é o Bom Pastor que já deu sua vida por elas (João 10.11).

Visite o médico, o dentista freqüente, também uma academia de musculação, a pista de Cooper e faça uma caminhada, e deixe os ociosos morais, espirituais e intelectuais falarem. Lembre-se: vão falar de qualquer jeito, mas os ministros precisam de saúde para ajudá-los em seus problemas. Se não cuidarem de si, como vão cuidar dos outros? Elas (as ovelhas) já provocarão nos pastores muitas dores em suas almas, no trato diário do rebanho. Elas é que são o rebanho. Portanto, nós pastores, é que temos de saber a hora de alimentá-las e que necessidades têm. Enquanto ovelhas berram desesperadamente contra os que as alimentam, lembrem-se, isso é outra obra diabólica: o diabo lança as pessoas contra àqueles ministros de Cristo que poderiam ajudá-las, para afastá-los.

“Conheço um homem” que passou pela experiência de ter sua privacidade invadida. Um jovem pastor, recém ordenado, morando em uma casa pastoral, oficiais da igreja, membro e funcionários, tendo acesso portão adentro, faziam suas incursões pelo terreno em volta de seu lar. Os funcionários, várias vezes visualizavam a mesa de suas refeições ao transitarem ao redor da casa pastoral. Este pastor acreditava que pudessem fazer algum trabalho para melhoria na propriedade da igreja, mas simplesmente achavam que ele era ocioso e deveria capinar o mato que crescia, plantar uma horta, enfim, exercitar-se, fazendo em um ano o que em quarenta anos não fizeram. O lote da casa pastoral é grande e poderia ter um pomar, árvores já decanas. Ele não tinha condições e nem interesse nisso, já que estava ali para passar o período de um ano apenas, tempo que se estendeu por mais alguns meses. Teve problemas, certamente, começando pela sua privacidade invadida, difamações e maledicências de pessoas que, não entendiam o que viam, já que eles tinham acesso às vistas apenas da mesa de suas refeições, viam-no comendo, e quando não o viam, concluíam que ele estava dormindo. A conclusão deles é que o pastor come e dorme. Quando ele saia, não tinham acesso à agenda dele e a seus horários, então concluíam que o pastor era como um pombo: comia, dormia e voava.

Ora, pastor trabalha muito! Mais do que muita gente imagina. Não é muito bem remunerado como muita gente pensa. Tem muitas preocupações concernentes às cargas dos outros que ele ajuda a levar. Sofre com aflições por causa de falsos irmãos e precisa ser pastoreado também, porque também é ovelha do BOM PASTOR, Jesus.

Todo ministro deve estar muito atento para evitar ocios, ócios e vícios, porque somos chamados especialmente ao sacerdócio. Digo especialmente por causa do sacerdócio universal que não será abordado aqui. Porém, devemos compreender o que é o sa-cer-dó-cio, do latim sacerdotiu, que, embora seja um cargo, ou dignidade daqueles que têm suas funções de sacerdote consignadas na lei antiga de oferecer sacrifícios.  Hoje, considerado o Ministério Eclesiástico num sentido particular, tem-se concebido em todos os âmbitos, como uma missão que se toma com muita seriedade, como uma coisa sagrada, a qual leva a pessoa a desobrigar-se, ou abster-se de fazer outras coisas, e dedicar-se exclusivamente a ela. A partir deste ponto de vista, o sacerd-ócio é o ócio sagrado (sacerd), que levou à constituição de diáconos, os quais são servos para cuidar de coisas relativas às necessidades físicas, materiais, a fim de que os apóstolos tivessem ócio suficiente para se consagrarem a oração e ao mais importante: O MINISTÉRIO DA PALAVRA (Atos 6.4).

Se o pastor dedicar tempo preparando o conteúdo do sermão, será cobrado pelas visitas e atividades eclesiásticas e, se não apresentar um sermão com conteúdo satisfatório, será criticado por não ter se preparado o suficiente.

Seus erros não serão visto como erros humanos, mas como erros de pastor, imperdoáveis. Sua forma física e suas olheiras, e mau humor esporádicos, serão sempre inadmissíveis. Suas crianças serão filhos do pastor, correndo e dando trabalho, se forem bem ativas; ou, carentes e recalcadas, se forem acanhadas. Então, de qualquer forma, se questionará sua vida privada até no temperamento de seus filhos. Sua esposa, ou será esnobe demais, ou simplesinha demais. Nada vai mudar isso: ovelhas continuarão sendo um gado que berra sem parar, e nós pastores que, mesmo assim teremos que cuidar delas.

Somos participantes dos sofrimentos de Cristo. Se não pouparam o nosso Senhor, tão pouco nos pouparão porque somos seus servos. Enfim, cumpramos cabalmente a nossa vocação e chamada sem esperar o reconhecimento dos homens, mas pela glória de Deus. Já somos agraciados por sofrer, e até por morrermos no cumprimento do nosso dever nas fileiras daquele que nos arregimentou.

Rev. Anatote Lopes

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PONTO DE PARTIDA PARA REFLEXÃO ANTES DE VOTAR: CRISTO E A IGREJA

Se olharmos para a genealogia de Jesus o que veremos são profetas, sacerdotes e reis. Ora, na verdade, o poder temporal no antigo Israel era exercido ou servido pelos sacerdotes e pelos profetas, com tensão, não resta dúvida, entre a classe sacerdotal e a profética ou os profetas, e, como historicamente se verifica, o cargo de sumo sacerdote é disputado por causa do poder temporal que nele está contido.

Quando Israel abandona a Deus por causa da corrupção dos sacerdotes e do seu povo, Ele pune a nação, a entrega nas mãos dos sacerdotes e reis pagãos para sofrerem humilhação, provação e tentação à adoração de falsos deuses, para punição principalmente da corrupção e da idolatria; uma vez resistidos os poderes temporais e espirituais pagãos Deus os reconcilia consigo, restaurando o reino e a adoração. O palácio e o santuário.

Neste contexto os profetas chamam ao arrependimento e anunciam o juízo, até que corra justiça, e, anunciam um novo tempo de restauração e de esperança no messias vindouro, o qual é historicamente esperado que, seja político, e tipologicamente e espiritualmente apontam para o Cristo e seu Reino.

Não seria a restauração política messiânica uma figura do reino vindouro de Cristo, e Davi um tipo de Cristo? Como o matrimônio usado como uma figura de Cristo e a Igreja? Não devem ser então vistos como imorais, no entanto, aqueles que servem na política e os que se casam. Mas devem viver com dignidade e honradez a sua vocação.

Logo, o exercício da política e o matrimonio devem ser vividos com honra para a glória de Deus Pai. Não sendo errado se casar ou governar, mas sim, é errado se corromper e macular o ministério... Ora, no Antigo Testamento os príncipes e governantes são chamados de “pastores de Israel”, da nação, como os sacerdotes, funções políticas e espirituais, e, também na vida conjugal, devemos buscar a glória a Deus.

Hoje nós vivemos este dilema: escolher nossos “pastores” governantes, em tempo de corrupção moral do relacionamento conjugal e de corrupção da classe política, por causa desses princípios, bíblicos históricos devemos rejeitar àqueles corruptos, ateus e inimigos do matrimônio bíblico, os quais não glorificam a Deus, não expressam reverência a Ele e a dignidade destes elementos tipológicos de Cristo e a Igreja e Cristo e de seu Reino.

Pense nisso...

Rev. Anatote Lopes

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

IGREJA NÃO INSTITUCIONALIZADA: UMA NOVA MODALIDADE DE IGREJA

Em primeiro lugar venho lamentar a minha ignorância quanto ao pensamento destes autores (Frank Viola, Neil Cole, Wolfgang Simson e outros), acho que eu tenho perdido muito tempo lendo os escritores da tradição reformada e outros intérpretes da Escritura que reivindicam certa herança da tradição reformada, e, tenho perdido algumas novidades. Eu deveria estar mais aberto para as novidades...

Agora, por um minuto insano, senti até um acanhamento de admirar a soberania de Deus em sua condução da Igreja e em preservá-la, utilizando-se desses meios, tão escusos para algumas pessoas, tais como a institucionalização, templos, liturgias, vestes litúrgicas, ministério ordenado e outras tradições.

Sempre entendi essas tradições como fruto do labor teológico, afinal donde vem a instituição judaica de um conselho de anciãos, senão das Escrituras do Antigo Testamento, e a recomendação apostólica para se continuar a eleger presbíteros em todas as igrejas? E que espírito dirigiu os santos apóstolos a instituírem o diaconato para atenderem a causa das viúvas e suprirem as igrejas deste ministério? Por que as Palavras da Instituição da Ceia do Senhor constam dos Evangelhos e são recebidas por divina revelação por Paulo para entregar aos coríntios, afim de por em ordem a liturgia daquela comunidade? Qual é o problema destas coisas? Representam algum problema real? Ou será que os rejeitados pela noiva querem se organizar paralelamente para depois, voltando-se contra ela dilacerá-la?

Tenho alguns amigos crentes que são sem igreja, e são adeptos da maconha, da libertinagem, quando na igreja já manifestavam que não respeitavam autoridades constituídas, julgavam-se acima dos outros e conectados diretamente com o céu, dizendo-se ministros de louvor ou levitas; mas depois de algum tempo foram excluídos de igrejas, estes “sem igreja” encontraram uma forma de racionalizar este problema.

Eu sempre pensei e ainda penso que a Igreja institucionalizada se reúne nos lares e se faz “Igreja nos Lares”, visita os encarcerados e os enfermos e se faz Igreja no Cárcere e Igreja no Hospital, e onde está a igreja esta a Igreja Institucionalizada por Cristo quando concedeu dons diferenciados e soberanamente a constituiu e a preservou, tanto que, nós não conhecemos e não sabemos como seria a igreja que não existe... Mas, se a Igreja tiver que se desinstitucionalizar para continuar a existir, o seu Fundador e Preservador da Igreja irá permitir.

Agora atribuir a qualquer cristão reformado a posição como a que “Fora da ‘Santa Madre Igreja’ não há Igreja…” É no mínimo um escárnio muito forte. Eu gosto muito de ver a igreja sair “das capelas e adorar ao Senhor na simplicidade das casas.” Mas há muito tempo se tem visto que muitos eram “denominacionais”, viviam de denominação em denominação até se desviarem mesmo, outros serem disciplinados, endurecerem-se em seus corações em face da disciplina e se rebelarem. Antes tinham problemas de relacionamento com todos, inclusive com a liderança por causa de insubmissão, desrespeito e problemas morais; por ultimo foram para a igreja dos “desigrejados”, as quais são desorganizadas, isto é sem ordem ou disciplina, o que agrada pessoas que se assustam por serem promiscuas e melindrosa com as igrejas das três marcas: Pregação Fiel da Palavra de Deus, Administração Apropriada dos Sacramentos e Aplicação da Disciplina para promoção da pureza.

Mas é claro que igreja não é o “templo”, CNPJ, placa, liturgia, ou o pastor ordenado, tais elementos servem a comunidade e existem para o bem dela e não são um fim em si mesmas, portanto, Igreja é comunidade que se reúne de casa em casa ou num edifício. E daí?

Esses elementos não são vitais, são a expressão vital da igreja, suas riquezas com a riqueza moral e doutrinal, ausente nas “não igrejas” dos “sem igrejas”, mas presente na comunidade dos discípulos que está oficialmente reconhecida como Igreja.

Mas, surpreendentemente eu vejo isso nas Escrituras!

As primeiras gerações de cristãos que compuseram a Igreja Primitiva, não eram simplesmente “um grupo de pessoas regeneradas em Cristo que amavam a Deus e se serviam mutuamente e, em seu Nome, se reuniam de casa em casa para partir o pão, orar e ler as Escrituras”. Era uma comunidade governada pelo colegiado apostólico, presbíteros e diáconos. Isso se comprova em Atos e nas cartas apostólicas. Devemos tomar cuidado, não com as descrições simplista de Igreja, mas com as descrições tendenciosas. Mas vamos olhar para a igreja que tinha uma estrutura oculta e nas catacumbas e depois emergiu, aparecendo os primeiros templos no III século.

No entanto, não há problema se a igreja é nos lares, mas que não se apartem da Verdade de Deus e da sua Igreja universal. Não se ensoberbeçam com a ideia, a qual toda seita tem, de serem resgatadores do cristianismo à moda da Igreja Primitiva, a verdadeira Ekklesia! Isso é arrogância sectária!

Nenhuma igreja histórica coloca a organização acima do Reino e ignora a universalidade e diversidade da Igreja de Cristo desde o tempo das igrejas dos apóstolos, isso significa que não é só uma, a minha denominação, a detentora da Verdade a qual eu escolhi para congregar. Nem a mais antiga e nem a que surgiu agora resgatando os costumes dos primórdios, mas todos quantos o Senhor Deus chamar.

O espírito do pós-modernismo não consegue ver Deus na instituição, no ritual e na autoridade. Mas o individualismo e anti-institucionalismo do pós modernismo tem gerado ególatras, o Deus destas pessoas são elas mesmas, elas são mestres de si mesma, não ouvem nem a Palavra de Deus, nem os conselhos dos pais, nem respeitam as autoridades.

Se existem problemas nas igrejas institucionalizadas, não é o melhor desistir delas. A Igreja não foge de problemas, ninguém deve evitar problemas, mas encarar.

A geração pós moderna é a geração do superficialismo, do individualismo, do anti-institucionalismo, do anonimato, do religiosismo fingido, do informalismo, do improviso e da carnalidade, e a religião que ela vai gerar será uma aberração.

Vácuos precisam de conteúdo para serem preenchidos, essa geração não tem conteúdo para preencher suas lacunas. Não existe nenhum intelectual com menos de quarenta anos, essa moçada está toda contaminada pelo lixo cultural do pós modernismo e tem urticária em face de tudo que é teologia, história e tradição, para eles até a Bíblia é um embolorado fóssil de histórias antigas e ultrapassado.

O espírito religioso não se manifesta apenas no amor denominacional, mas também no hedonismo, no desejo de sentir-se bem no coração ouvindo um discurso que ameniza a dor, a culpa e a ansiedade, mas não exorta, não corrige e não tem conteúdo e esperança, e trás uma razoável sublimação da expectação do juízo divino. Não é a toa que essa proposta surge depois dos anos áureos das igrejas pentecostais e neo pentecostais, que também representaram em seus primórdios um protesto contra o ritualismo e institucionalismo das igrejas históricas onde não havia espaço para os excluídos, com a vantagem de que o arminianismo é menos pernicioso que o liberalismo, não para a alma, mas para a moralidade.

Realmente a história sempre se repete, e dos excluídos surge uma nova igreja. Toda novidade em termos de cristianismo reivindica nos primórdios as sua bases, toda seita advoga para si, ser a imagem e semelhança da Igreja Primitiva, aos seus opositores da “situação” atribuem os mesmos vícios dos religiosos dos tempos de Cristo, a alcunha de fariseus e hipócritas. Logo, não devem ficar magoados se eu pensar (penso e falo), também, este movimento congrega hipócritas os quais preferem ocultar a promiscuidade na informalidade, do que serem enquadrados nos padrões de moralidade, por isso preferem ocultar a incompetência e a preguiça mental numa eclesiologia e num sistema doutrinal simples, onde impere o improviso e a superficialidade do que, terem que ler e refletir e aprender a interpretar as Escrituras, pensar teologicamente com as ferramentas da hermenêutica e pregar expositivamente, preferem arrogar uma volta ao passado da igreja do primeiro século e nem conhecem a história desta igreja. Qualquer membro destas "não igrejas", seria expulso, ou nem resistiria aos três anos de estudos para ser batizado, nem resistiria os jejuns e as vigílias longas que estes irmãos faziam para serem batizados nestas comunidades primitivas.

Se conhecessem a história da igreja que eles tomam como referência, saberiam que em nada se parecem com ela, e, que com todas as transformações, e muitas delas muito negativas, sofridas nas igrejas históricas institucionalizadas, algumas igrejas institucionalizadas ainda se parecem mais com a igreja bíblica, cristã e apostólica.

Anatote Lopes, IPB, 2010


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PERDOAR OS OUTROS

Mateus 6.9-15: Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém! Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.

O texto de Mateus 6.12 diz: e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;

Este texto fala sobre perdoar os outros, é uma verdade bíblica que só Deus pode perdoar quando pecamos contra ele; também é verdade da Bíblia que temos a responsabilidade de perdoar outras pessoas. Uma poesia de Alexander Pope diz;

“Ensina-me a sentir a tristeza de um outro,
A esconder a falta que vejo assim;
Que eu mostre a compaixão a outros
Que outros possam demonstrar a mim.”

A resposta a Pergunta número 105 do Breve Catecismo de Westminster que é a seguinte: “Pelo que oramos na quinta petição?” se encontra no texto que acabamos de ler, a qual é: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;”.

Seria possível a qualquer homem perdoar pecado ou o homem ser digno de ter seu pecado perdoado?

Qual é à base do nosso perdão?
Como saber que os nossos pecados foram perdoados?

Na quinta petição da oração do Pai Nosso pedimos que Deus, por amor de Cristo, nos perdoe gratuitamente os nossos pecados, o que somos animados a pedir, porque, pela sua graça, nós somos habilitados a perdoar de coração ao próximo.

O perdão é um sinal! Um sinal da graça. A capacidade de perdoar é um sinal de que somos habilitados pela graça em nós. Se formos habilitados pela graça a perdoar sinalizamos que somos ricos da graça de Deus e que temos recebido o perdão de nossos pecados.

Três graças são reveladas pela prática do perdão:

1ª Graça: Que nossas necessidades serão supridas.

2ª Graça: Que temos recebido o perdão de Deus.

3ª Graça: Que fomos habilitados pela graça a perdoar os outros.

A 1ª graças reveladas pela prática do perdão:

– Que nossas necessidades serão supridas.

A base para isso se encontra na palavra “e” no texto que nós lemos em Mateus 6;12 o versículo começa com a Palavra “e”, e esse “e” é muito significativo. Esse “e” que aparece na petição e liga esta petição a petição anterior: “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas,”... Essa partícula: “e” que se repete na Oração Dominical, demonstra que esta oração é uma unidade, no versículo 14 e 15 é apresentada a síntese daquilo que nós aprendemos, vivemos e recebemos do céu quando nós oramos a oração que o nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou: “ o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas,”.

Devemos reconhecer que nossas necessidades serão supridas, e, só serão supridas se formos fiéis para fazer algo com respeito à confissão de nossos pecados. Isto é, perdoar é reaver a comunhão; se somos perdoados por Deus nós temos comunhão com Deus, então é possível que o Senhor Deus abra as janelas do céu para nós, se somos perdoados também somos ouvidos quanto as nossas necessidades e supridos.

Quando há comunhão entre nós e Deus. Essa graça revelada na pratica do perdão de Deus aqui, diz que nossas necessidades serão supridas porque o muro que a falta do perdão constrói, a parede é derrubado pelo perdão. Porque a falta do perdão a edificou, então quando somos perdoados por Deus entramos em comunhão com ele e temos as nossas necessidades supridas nele.

A 2ª graças reveladas pela prática do perdão:

– Que temos recebido o perdão de Deus.

Por que a palavra “dívidas” e não “pecados” aparecem aqui nesta oração, tem-se substituído também pela palavra “ofensas”, mas aqui não há diferença alguma entre essas palavras; essas palavras podem ter sentidos diferentes usadas separadamente, mas no contexto desta oração essa palavra não tem diferença nenhuma, e fala de nossos pecados, fala do pecado original, fala dos pecados de comissão e fala de pecados de omissão.

O que é isso?

Ora, o pecado original é o pecado que todos nós herdamos, por que em pecado fomos concebidos e nascemos no estado de pecado, isso nos faz pecadores, e, em virtude desta corrupção original nós também pecamos, e pecados por comissão: isso significa que nós pecamos prontamente. Nós pecamos os nossos próprios. E os pecados por omissão, isso significa que nós pecamos quando deliberadamente, voluntariamente, porque queremos, deixamos de fazer aquilo que é certo. Omitimos-nos, podendo fazer o bem não fazemos, este é o pecado por omissão!

A Palavra de Deus nos assegura que temos recebido o perdão.

Vamos ler o Salmo 130.3-4: “Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.” Temos base nas promessas bíblicas; em Miquéias 7.18-19. “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.”

Este é o Senhor nosso Deus que nos dá a sua graça. E, a prática do perdão, manifesta que temos recebido o perdão dos nossos pecados

Vamos pensar na 3ª graça revelada pela prática do perdão.

A prática do perdão revela:

– Que fomos habilitados pela graça a perdor os outros.

Isso significa que fomos habilitados a perdoar. Isso significa perdoar pela graça. Significa que conhecemos a graça; e a graça de Deus em nós transbordará! Quando a conhecermos.

Qualquer homem não poderia perdoar os pecados cometidos contra Deus. É isso que diz Marcos 2.7 (Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?), também não há mérito próprio em homem nenhum, para que receba o perdão de seus pecados da parte de Deus. Mas é possível que nós pecadores sejamos perdoados à medida que se evidencia a graça recebida do perdão dos nossos próprios pecados, é a habilidade que temos para perdoar os pecados dos outros.

Há base para o nosso perdão em face dos pecados dos outros nessa petição. A base é que pela graça de Deus seremos habilitados a perdoar os outros e, portanto nós seremos perdoados. É a promessa. Somos animados a pedir perdão e suprimento de nossas necessidades e a atenção de Deus, destruindo o muro, a parede que nos separa de Deus, porque pela sua graça somos habilitados a perdoar de coração o nosso próximo.

Conclusão. A capacidade que mostramos de perdoar os outros é a prova de que Deus está nos perdoando.

Não estou dizendo o que você e eu poderia fazer! Não estou dizendo nada que as Escritura não tenha dito; é o evangelho de Cristo que diz! Isto é Cristianismo! Eu não inventei. E ali, bem no centro do Evangelho, ali bem no meio daquilo que se chama Evangelho, ou que seja chamado de Cristianismo: está o ‘perdão’. Extraindo-se o perdão se extrai o Evangelho, extrai-se o Cristianismo: “Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós temos perdoamos aos nossos devedores.”

Somos bem lembrados que o temperamento não perdoador constitui o pecado do servo incompassivo, cuja parábola se encontra em Mateus 18, onde o Senhor responde a pergunta de quantas vezes devermos perdoar os outros. E somos exortados por Paulo em Colossenses 3.13: 13 “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;”. Este Evangelho anunciado por Cristo é o mesmo pregado pelos apóstolos e isto é Cristianismo

No nosso método às vezes não é bíblico, tão pouco Cristão e nem Evangélico; costuma ser assim: “Veja que coragem do fulano! Se ele pensa que vou esquecer isso, está enganado! Dou troco, pode deixar!” Mas tal atitude é muito contrária à Palavra de Deus.

Se formos prejudicados por alguém, devemos nos lembrar que merecemos muito pior. Não éramos nada e prejudicamos o nome de Deus, mas em sua misericórdia Ele nos perdoou. Em matéria de perdão, é lembrar o que ele fez por nós, e quanto a outras pessoas (que te prejudicaram, que te ofenderam), é lembrar-se do esquecimento de Deus de Miquéias 7! É só esquecer! É só ter memória curta!

O que nós precisamos ter em mente é que não podemos perdoar a não ser que tenhamos sido perdoados, e nosso perdão para com os outros deve estar de conformidade com o modo como fomos perdoados por Deus. O perdão que nós recebemos dele não foi baseado em nada bom que ele tenha visto em nós. O perdão dele foi caracterizado por graça, e quando nós perdoamos a semelhança do perdão que recebemos, manifestamos graça! Aquilo que recebemos do Senhor: graça, compaixão, misericórdia, porque o amor de Deus para conosco foi longânimo, bondoso, paciente; tal deve ser nossa atitude para com os nossos semelhantes.

Obrigado Deus e Pai nosso por tua Palavra; pela verdade do Evangelho que um dia cremos, e pelo perdão dos nossos pecados que um dia recebemos. Porque ó Deus! A graça recebida abundantemente, quando nos tornamos habitação do teu Espírito, nos tem habilitado a perdoar, assim como nós fomos perdoados, e, agora livres das amarras, quebrada a parede, podemos estar diante do trono da tua graça, e serem supridas as nossas necessidades físicas e espirituais, e, a graça ser superabundante em nossos corações... Para amar, porque nós não queremos ó Deus, só viver com o necessário para não morrer de fome, nós queremos viver, e, viver é amar! Viver é ter amor de Deus e graça de Deus para amarmos uns aos outros. Expressamos a nossa gratidão e confiança no teu poder! Em nome de Jesus. Amém.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O SIGNIFICADO DE "PICA FUMO"



Qual é a origem da expressão: “Pica Fumo”? Acredito que surgiu em 1959... Encontrei esta pista: “Nossos pastores não são como Karl Barth, que faz teologia atrás da fumaça do seu cachimbo. Nossos pastores são homens de ação.” (Livro de Confissões publicado pela missão presbiteriana do Brasil em 1959, nota 14).

A expressão “Pica Fumo” em uso nos seminários por professores e alunos como designativo do aluno que não alcança bom desempenho nas disciplinas do curso teológico, pode ter sua origem ignorada pela maioria dos que já a ouviram.

Eu acredito que, os professores e os alunos de seminários pensam que sabem o que isso quer dizer. “Picar o fumo” no seminário é práxis de professores e alunos, no sentido que se dá hoje; mas qual é o sentido histórico desta expressão e como ela surgiu?

A teologia que se ensina nos seminários do Brasil é importada do protestantismo norte americano, com exceção das obras dos ancestrais europeus, isto é, dos teólogos do passado, da herança da Reforma (Calvino, Lutero, Mellanchton e outros) e do Confessionalismo sob forte influencia puritana.

Embora os presbiterianos adotem a Confissão de Fé de Westminster, escrita na Inglaterra, tem do Seminário de Princeton a sua principal herança; esta instituição de ensino teológico americana até meados do século XX continuava sob rígido controle dos conservadores.

Semeava-se uma séria suspeita dos europeus e de sua teologia, alegando-se que a situação espiritual da Europa era o caos: igrejas frias, sem zelo missionário, sobretudo mundanas, porque os protestantes europeus bebiam e fumavam; dizem que aqueles que leram especialmente Barth, Brunner, e Bultman nos círculos conservadores pagaram caro até a década de 60.

O que isto tem a ver com picar o fumo? Ah sim! diziam-se que Karl Barth fazia teologia no meio da fumaça de seu cachimbo, bem como outros teólogos europeus, e, neste tempo no Brasil os fumantes picavam fumo de rolo para fabricarem os próprios cigarros. Esta tradição de picar fumo de rolo ou de corda ainda pode ser encontrada. Claro, isso no Brasil é um pecado pior que o adultério para a maioria do protestantismo!

Haja vista que, a postura do protestantismo brasileiro e de seus seminários tinham uma linha hiperativista e menos reflexiva, bem como culturalmente contrária ao consumo de tabaco e bebida com álcool, com exceção do luteranismo, a associação era essa, e, também é essa a origem da expressão “picar o fumo” e do designativo “Pica fumo”.

Nos cinco anos que passei em dois seminários protestantes, ninguém me disse o significado desta expressão em uso até os dias de hoje... Mas não parei, continuo vivendo e aprendendo também a picar o fumo direitinho.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

AS BASES DA GRAÇA PARA O VIVER DIÁRIO

Marcos 2.18-28

18 Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. 20 Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. 21 Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura. 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos. 23 Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. 24 Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? 25 Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? 26 Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele? 27 E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; 28 de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.



Vamos entender o contexto cultural desta passagem. Estes dois grupos religiosos apresentam características distintivas. Um grupo: os discípulos de João, o batizador, caracterizados pelo ascetismo religioso. (Depois da descoberta dos manuscritos do mar Morto em 1947 que, trouxeram um maior conhecimento das particularidades dos religiosos denominados Essênios, os quais preservaram escritos sagrados em vasos de barro lacrados e escondidos numa caverna em Qumran, alguns associaram a este grupo os discípulos de João e até mesmo o primo de Jesus Cristo, chamado João e denominado batista, a este grupo religioso.) O outro grupo: os “fariseus”; trata-se de uma das mais importantes facções componentes do Sinédrio e da elite judaica de Jerusalém, zelosos da lei, dos costumes e da tradição judaica.

Jesus fala de forma clara em defesa de seus discípulos, os quais estavam sendo acusados de não terem certo tipo de fervor religioso e ainda de transgredirem a Lei. Jesus segue sua defesa fazendo uma interpretação da Lei usando a figura de uma comparação em seu argumento ao encontro da questão do jejum; o mestre propõe uma parábola como de costume dele, quando anuncia o reino de Deus. Em defesa dos acusados de quebrar a guarda do sábado. Segundo o Talmude, duas autoridades religiosas poderiam advertir para fazer uma conformação do comportamento à lei e até denunciar este crime, e, o acusado deveria ser apedrejado, mas Jesus sabiamente apelou para o espírito da lei e faz uso de uma “jurisprudência” a ocasião em que, no tempo do sacerdote Abiatar aqueles que violaram  a lei para fazer um bem maior para si e para os outros ficaram impunes. Conclui: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado;”. Agora o Senhor afirma a sua própria autoridade para justificar os seus discípulos. Em um novo tempo, manifesta-se àquele que é maior e Senhor sobre tudo: “o Filho do Homem é senhor também do sábado.”

Quanto ao sábado e como convém observar o Dia do Senhor no tempo em que a Graça é chegada, na plenitude dos tempos, as Escrituras têm a dizer que, com a manifestação do nosso Senhor Jesus Cristo, conforme está escrito:

“Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”. (Romanos 10.4).

Significa que andamos com Cristo para nossa justiça ou andamos sob a lei. Ou seja, agora andamos segundo a Graça na liberdade do Espírito Santo e não na escravidão da lei conforme Romanos 8.4: “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.”

Não se trata de obedecer à lei e de que forma, mas na liberdade que hoje gozamos. Porém não é sobre o sábado que eu quero pregar. Sobre o que será?

É sobre a autoridade que o Senhor invoca e sobre a argumentação a favor de seus discípulos e do que os seus discípulos faziam na liberdade que desfrutavam na Sua companhia.

Considero chave para nossa compreensão desta passagem a expressão “Nunca leste” no início do argumento que o Senhor faz em forma de pergunta aos religiosos seguidores do batista e dos fariseus.

Parece uma evidência de que as pessoas familiarizadas com o exercício da religiosidade hipócrita que envolve a alimentação: como o jejum; e, a agenda da religião: como os sábados; atribuem aos exercícios espirituais um peso sacrificial que é exibido como um troféu, esta pessoas religiosas não gostam de Bíblia, até carregam as Escrituras, mas não as lêem e se lêem não as entendem...

O Senhor Jesus demonstra as circunstâncias em que Davi quebra a lei e fica impune, então explica qual é o propósito da lei e quem é o Senhor, “o Senhor do sábado”.


1ª Resposta:

O propósito é o homem ser alimentado fisicamente e espiritualmente no gozo de seu Senhor.


2ª Resposta:

Jesus Cristo é o Senhor.


Imaginemos facilmente o cenário de um campo cheio de espigas... Se você nunca viu um campo de trigo, imagine um milharal...

Jesus caminhando alegremente com os seus amigos discípulos. Jesus está ensinando aos seus discípulos caminhar na graça, e, os seguidores do batista estão ali com cara de pano de saco, com seu ascetismo religioso observando como era alegre e saudável, festivo e acolhedor o ministério de Jesus!...

Veio uma pergunta (aqui contextualizada):

Ei vocês sorridentes! Por que não jejuam?(2.18)

Eu imagino os seguidores do batista bem tristes e doentes de tanto jejuar, em reuniões de oração demoradas e tristes, oferecendo uma religião doente e triste, mas os fariseus eu os imagino bem gordinhos e bem vestidos, acostumados as reuniões religiosamente nos sábados, nas sinagogas e no templo, sem capacidade de relacionamento diário com Deus e com os outros irmãos durante seis dias da semana, pensando em religião e sem se preocupar com as necessidades das outras pessoas; pensando em comida e vivendo de aparência.

Vem agora a pergunta:

Hoje é sábado! Por que vocês quebram a lei?(2.24)

A resposta de Jesus começa assim:

“Nunca leste”

Essa expressão na resposta em forma de pergunta que Jesus faz, denuncia que, na verdade o rigor do ascetismo e do legalismo religioso, farisaico e hipócrita é amigo da ignorância.

As bases da Graça para o viver diário estão nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento: “Nunca leste?”

Quais são essas bases? Vamos trabalhar com duas bases encontradas neste texto...


As bases da Graça para o viver diário são:


PRIMEIRA BASE: O Senhorio de Cristo.

SEGUNDA BASE: O Suprimento das necessidades em Cristo.


Vamos pensar primeiro nesta SEGUNDA BASE: O Suprimento das necessidades em Cristo.

Nós precisamos de Palavra, Verbo Encarnado, Pão do Céu.

Nós falamos com Deus quando oramos e orar é bom, mas quando oramos fazemos conhecido de Deus a nossa necessidade, a qual se sabe que ele já conhece. Não estou aqui despregando o que já disse sobre a oração como um meio de comunhão com Deus e de batalha espiritual, mas a questão agora é: como serão supridas as nossas necessidades?

Primeiro: Revelação. Entenda Palavra de Deus=Escrituras: “Nunca lestes” Mas, não é só ler (ou ouvir), logo, segundo: Ação... É também praticar conforme o exemplo do Mestre em João 4:34 “Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.”

Se você prioriza a sua necessidade entra no santuário e coma e beba, nos diz Jesus em João 6:55 “Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida.” Coma o Pão sagrado e se farte de Cristo. Ele é o Pão do Céu e a encarnação da Palavra de Deus. Despreze a Palavra de Deus e estará desprezando a Cristo.

Os exercícios religiosos da oração, do sábado e do jejum sem a Palavra de Deus não tem vida e são inúteis. Mas, pela Palavra de Deus somos alimentados diariamente e os momentos de oração se tornam momentos de gozo, o Dia do Senhor se torna deleitoso e não um sacrifício altamente penoso, e os jejuns se tornam experiências de abdicação e renúncia de coisas fúteis compensados pela riqueza do desfrutar crescimento na graça e conhecimento de Deus e convicção da Sua presença.

Paulo recebeu em sua casa muitos homens que se julgavam sábios, e gastou tempo com eles, conforme lemos em Atos 28.23-31. Mas estes homens eram amigos de religião e de contendas e tinham a marca dos perdidos:

Qual é essa marca?

Não era a cara de pano de saco... Era o Desprezo pela Palavra de Deus.

Vamos pensar agora por último, por ser mais importante, nesta PRIMEIRA BASE: O Senhorio de Cristo.

Quem é o Senhor?

São as nossas necessidades ou os nossos interesses e desejos que nos governam?

Bem que as nossas necessidades nos aproximam de Deus... Será que é por isso que somos muito necessitados? Por causa da nossa inconstância?

Trazemos nossas causas com orações, jejuns e comparecemos no culto dominical... Depois desprezamos nosso Senhor.

Quem é o nosso Senhor?

Resposta: Jesus aquele que a lei e os profetas testificam dele.

Não deveríamos nos aproximar do nosso Senhor para conhecer a sua vontade e viver conforme a sua vontade? Afinal ele é o Senhor!

Nossa familiaridade com o legalismo religioso nos leva a viver para a lei e não em comunhão com o Senhor, na direção do Espírito, na dependência dele e em confiança nele. Isso não significa que a lei não seja nada, mas o que é a lei para o eleito?

Fica bem aqui a resposta de um teólogo protestante brasileiro, Rubem Alves (1983); disse:

“Não mais divida ou lei, mas promessa. Aqui está a razão por que para a Reforma a polêmica entre lei e graça era uma luta de vida ou morte! Esta era a essência da Palavra (e, portanto o segredo da interpretação): Promessa. Ora, o que caracteriza a promessa é que ela não tem a sua realidade em si mesma, ela aponta para o futuro onde o prometido se transformará em cumprimento.”

“O interessante e forçado a uma imediata deslocação de sua atenção ao ouvir do passado, uma promessa. Se o passado promete é porque ele não é a coisa prometida. Não é aquilo que deve ser preservado. Não é lei. Desloca-se a atenção para o tempo de cumprimento: para o presente e para o futuro, Esvazia-se o passado e com isto a consciência abre para o tempo do cumprimento.”

“Ora, o que é que este horizonte passado prometia?”

“Na linguagem dos reformadores: ele oferecia “perdão dos pecados”, ou seja, uma reinterpretação do passado que eliminava seu conteúdo emotivo como culpa. Perdão dos pecados é libertação do passado. Mas isso é possível porque o horizonte que determina a interpretação, ao invés de ser lei ou ordem, é amor e graça: Jesus Cristo.”

Você, se é que se converteu, foi porque alguém lhe expôs o Evangelho discorrendo nas Escrituras, mas você não pode desprezar as Escrituras agora.

Em Atos 28.23 tomamos conhecimento de que o Evangelho é o testemunho do Reino de Deus, cujo Rei é Jesus; nesta oportunidade Paulo expôs a Palavra de Deus (na lei e nos profetas) que nos aponta o nosso Senhor.

A Palavra testifica dele, e, Ele mesmo é a Palavra encarnada.

Ele é a voz do Senhor do Salmo 29.

Ele é a voz sobre as águas. A voz de Rei, a voz majestosa. A voz que despedaça a madeira utilizada nas bases do templo, Ele mesmo, o qual o batista profetizou que batizaria com o Espírito Santo e com fogo, a voz que desde o princípio gera vida, multiplicando a alegria, o consolo, a fortaleza e a paz que excede todo entendimento!

Se dobre diante daquele que reina para sempre! Se levante reverentemente diante daquele que é o Senhor.

Concluo com uma relação de igualdade Lei=Passado e o Futuro=Promessa. O cumprimento da promessa.

A lei é passado. No passado era a promessa que apontava para o futuro: o seu cumprimento, é por isso que se diz “o fim da lei é Cristo”.

Quem vive na lei, vive no passado: pecado, morte e culpa. Quem vive o cumprimento vive em Cristo: nova vida e perdão. A justiça pela lei trouxe a morte e a justiça pela fé no filho de Deus trouxe a nossa justificação, amor, perdão e reconciliação.

Jesus Cristo é a nossa comunhão. A nossa restauração e a nossa paz. Tudo d’bom...

Já viu um irmão amado ou uma irmã amada com cara de pano de saco?

Mal humorado do tipo que só ri quando as coisas não dão certo? Existe gente assim: que não se alegra com os que se alegram e se ri dos que choram. Opostos ao ensino bíblico em Romanos 12:15 “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.”

Não te aconselha com a Palavra quando te reprova, mas que vai falar mal de você é só você virar as costas. Esse tipo de gente gosta de se disfarçar com pano de saco.

O pano de saco era uma vestimenta exterior de humilhação e de piedade que nem sempre representava o que realmente tinha no interior do coração. A roupa que o judeu usava para jejuar e orar, aqui apresentado como o símbolo de uma falsa espiritualidade. Uma falsa humildade e uma religiosidade falsa.

Nunca leste?

Também você... Não fique travado nessas contendas judaicas e farisaicas de dias, de festas, de ascetismos, fervorismos falsos, de jejuns e sábados.

Eu desejo que todos possam orar comigo:

Oh Senhor! “Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de saco e me cingiste de alegria, para que o meu espírito te cante louvores e não se cale. Senhor Deus meu, graças te darei para sempre.” (Salmos 30:11,12)

Em nome de Jesus.

Amém.