O MINISTÉRIO PROFÉTICO NA ALIANÇA DA GRAÇA
Por Anatote Lopes
(Este foi o sermão de exame pregado por mim diante
do plenário do Presbitério do Planalto, como candidato ao sagrado ministério.
No ano de 2008. Transcrição na integra.)
Saudei respeitosamente os Conciliares, anunciei ao
plenário a leitura do texto bíblico e prossegui conforme segue:
“(23) Decorridos muitos dias, morreu o rei do Egito;
os filhos de Israel gemiam sob a servidão e por causa dela clamaram, e o seu
clamor subiu a Deus. (24) Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se da sua aliança
com Abraão, com Isaque e com Jacó. (25) E viu Deus os filhos de Israel e
atentou para a sua condição. (1) Apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu
sogro, sacerdote de Midiã; e, levando o rebanho para o lado ocidental do
deserto, chegou ao monte de Deus, a Horebe. (2) Apareceu-lhe o Anjo do SENHOR
numa chama de fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia
no fogo e a sarça não se consumia. (3) Então, disse consigo mesmo: Irei para lá
e verei essa grande maravilha; por que a sarça não se queima? (4) Vendo o
SENHOR que ele se voltava para ver, Deus, do meio da sarça, o chamou e disse:
Moisés! Moisés! Ele respondeu: Eis-me aqui! (5) Deus continuou: Não te chegues
para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
(6) Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e
o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus. (7)
Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito,
e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; (8)
por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir
daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do
cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. (9) Pois o
clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os
egípcios os estão oprimindo. (10) Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para
que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito. (11) Então, disse Moisés a
Deus: Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel? (12) Deus
lhe respondeu: Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei:
depois de haveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus neste monte. (13)
Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes
disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem:
Qual é o seu nome? Que lhes direi? (14) Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU.
Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.
(15) Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O
SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de
Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei
lembrado de geração em geração”.
Após ler a Bíblia no Texto que, se acha
em Êxodo 2.23 a 3.14, olho para as igrejas dos nossos dias e pergunto: O
que é ser profeta hoje?
O profeta, em princípio, aquele que fala a Palavra
de Deus, é muitas vezes perseguido por aqueles que desejam silenciar a Palavra.
O profeta de hoje profetiza numa comunidade adaptada
ao sistema do consumismo que tem pouca fé e pouca ação; dependente das emoções,
que se volta para si mesma e glorifica a si mesma.
As pessoas pensam que podem comprar o que quiserem
inclusive profetas, pagam pastores para fazerem o que elas querem e pregar o
que elas gostam de ouvir.
Vivemos numa comunidade influenciada por teorias de
mercado e pela corrupção.
30% do PIB do Brasil são consumidos pela corrupção e
mais de 90% dos brasileiros considera normal, pratica e aceita alguma forma de
desonestidade que vão ser alvos de campanha do Ministério Público.
Por exemplo: furar fila, ficar com o troco passado
por engano pelo caixa, pedir emprestado e não devolver, e, procurar um amigo
funcionário público para burlar uma lei e conseguir alguma vantagem.
Temos percebido que as pessoas são atraídas para
falsos campos de visão e de comportamento e para sistemas idolátricos,
seduzidas por linguagem e retórica às vezes espetacular e às vezes persuasiva.
O que se vive é a realidade da perda de identidade,
abandono da fé Reformada, depreciação do passado e desprezo da esperança como
algo ridículo.
As pessoas estão vivendo suas vidas não ditadas pela
sua fé, e vivendo práticas e ministérios não autorizados pela fé.
Não desejamos amados irmãos, rejeitar ou ser hostil
aos irmãos em Cristo que adotem orientações doutrinárias diferentes da nossa
igreja, quer por meio de confissões e padrões formais ou em suas práticas de
ministérios.
No entanto, rejeitamos os estereótipos vulgares, ou
seja, aquilo que comumente tem sido compreendido por “profeta” pelo povo, a
saber, os “profetas” serem considerados adivinhos ou contestadores sociais.
Ainda que rejeitemos os estereótipos vulgares não
condenamos, ou encerramos à condição de falsos-profetas os adivinhos e os
contestadores sociais.
Não temos autorização para juízo temerário, mas
consideramos a existência de falsos profetas mediante a própria advertência de
Cristo e a necessidade de cautela recomendada por nosso Senhor.
Temos como pressuposto para a nossa abordagem deste
tema a posição confessional, sobretudo bíblica, “da Sagrada Escritura”, exposta
na Confissão de Fé Westminster no Capítulo I seção I: A Santa Escritura é
“totalmente indispensável, tendo cessado aquelas antigas formas de Deus revelar
sua vontade a seu povo.” No Capítulo I seção VI que à Escritura Sagrada “nada
se acrescentará, seja por novas revelações do Espírito, seja por tradições
humanas”.
Assim cremos que a Bíblia é suficiente e rejeitamos
novas revelações como sendo procedentes do Espírito.
Antes de irmos ao texto bíblico, convém identificar
estes estereótipos vulgares de “profetas”, situando-os em dois grupos
denominados: carismático e progressista.
No movimento carismático, presente em quase todas as
igrejas, o profeta é entendido como um homem que tem um dom do Espírito Santo:
de prever o futuro. Um reducionismo mecânico a ser evitado, porque mesmo no AT
os profetas não eram homens que apenas previram o futuro.
Os profetas eram homens também preocupados com o
futuro e cheios de esperança no futuro, mas, sem o medo e a incerteza do futuro
que provocam os profetas carismáticos.
No movimento progressista, presente em muitas
igrejas, a maioria igrejas históricas, o profeta é entendido como um agente
político, um contestador e um denunciador de injustiças sociais.
O ministério do profeta padece de reducionismo onde
ele é apenas um contestador social que, perdeu tanto o medo do futuro, quanto
toda a esperança do futuro.
O profeta progressista contempla somente o presente
e compreende o ministério profético simplesmente como uma crítica do presente;
uma justa indignação contra as autoridades.
Sob o título “O Ministério Profético na Aliança da
Graça” vamos pensar o ministério profético e, repensar um pouco sobre o que é
ser profeta hoje ao estudarmos parte da história do profeta Moisés.
Isto é, vamos discorrer sobre o tema: O papel do
profeta na Aliança da Graça a partir do relato do Êxodo da terra do Egito, do
povo da aliança.
A minha proposição sobre o papel, ou a missão do
profeta hoje como sempre foi: Ser profeta é uma missão doxológica.
O que significa doxologia? Do grego doxa=glória +
logos=falar. Doxologia significa falar da glória de Deus, logo, glorificar a
Deus.
O profeta na aliança da graça glorifica a Deus.
Qual tarefa do ministério profético não seria um
reducionismo carismático ou progressista?
O que Deus requer do profeta na aliança da graça?
A Palavra de Deus nos da direção para o ministério
profético na aliança da graça, parte desta direção:
1º O compromisso absoluto com a verdade de Deus.
2º A confiança total em Deus.
3º A glorificação somente de Deus.
Agora vamos atentos ao 1º aspecto desta direção.
Primeiramente:
O compromisso absoluto com a verdade de Deus.
O relato da libertação começa com a morte do rei do
Egito que procurava Moisés para matá-lo e um agravamento das condições do povo
israelita na servidão (Êxodo 2:23).
Um novo Faraó marcava um novo tempo em que a vida
dos israelitas no Egito dos faraós piorara muito. Os filhos de Israel gemiam
sob a servidão e por causa dela clamaram, e o seu clamor subiu a Deus (Ainda no
Êxodo 2:23).
O verbo za`aq “clamar” (que aparece em Êxodo 2:23b)
é ambíguo no texto hebraico, pode significar um clamor de miséria acompanhado
de autocompaixão, mas, também pode indicar uma queixa legal.
O clamor foi um lamento, o que não indica que o
sofrimento fosse imerecido, mas, optando-se pelo segundo sentido, isso quer
dizer que Israel expressa que está sendo injustiçado com uma expectativa de ser
ouvido.
Neste momento Israel começa a se desligar do Egito,
perder a sua expectativa de ser atendido dentro do sistema religioso idolatra e
do sistema político corrupto do Egito. Isto é: o povo não reivindica mais nada
a Faraó e não clama aos deuses do Egito.
Agora Israel clama ao seu Deus. A queixa é aflita e
o sofrimento é amargo, mas, a mensagem profética tem que ser fiel em seu
conteúdo como mensagem divina. Deus soberanamente preparou Moisés para o
ministério profético.
Moisés foi criado na corte do Faraó como filho
adotivo da filha do Faraó; foi educado para ser um nobre. Identifica-se com o
povo de sua mãe biológica e empreende um esforço inútil em prol deste povo,
consequentemente teve que fugir para não sofrer a pena por ter matado um
cidadão egípcio em defesa de um israelita.
40 anos mais tarde, Moisés está com 80 anos de idade
e apascenta tranquilamente o rebanho de seu sogro, chegando ao monte Horebe,
Deus fala com ele no meio de uma sarça ardendo em chama de fogo, sem, contudo,
consumir-se o arbusto.
Deus chama Moises para conduzir o seu povo para fora
do Egito.
Moisés apresenta objeções como, por exemplo: a sua
própria limitação para se comunicar e as dificuldades de persuadir o povo, ele
sabe que com Deus não se brinca e que não é suficiente para a missão. Deus
então o assegura da Sua presença e poder e Moisés segue comprometido em sua
missão e com fidelidade ao conteúdo revelado.
Moisés torna-se um profeta capaz de romper e ordenar
romper com a cultura pecadora do Egito. Não negociou e não se deixou domesticar
numa cultura de pecado.
Moisés repetira a verdade de Deus ainda que
parecesse loucura ou mentira aos ouvidos do Faraó (Êx. 5.1).
A libertação que Deus faz não visa apenas atender o
clamor do povo pela amenização de sua dor. O sofrimento do povo no Egito era
principalmente espiritual além de social e a primeira reação do Faraó foi
aumentar ainda mais os sofrimentos do povo de Deus.
Logo, o verdadeiro profeta hoje tem compromisso com
a Bíblia. A propósito da autoridade e do conteúdo da Palavra profética hoje:
temos a Palavra escrita, a mensagem confirmada com sinais realizados por
aqueles profetas inspirados.
Portanto o profeta hoje, aquele que fala a Palavra
de Deus conforme a Santa Escritura credenciada pelos sinais relatados, tanto no
Velho Testamento, quanto no Novo Testamento, não precisa de sinais, porque
prega a mesma Palavra.
Se pregassem novas profecias necessitariam de
sinais?
Segundo o apóstolo Paulo (em Gálatas 1:8 e 9): “Mas,
ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do
que vos temos pregado, seja anátema Assim, como já dissemos, e agora repito, se
alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.”
Para que a Palavra profética revelada das Escrituras
não seja anulada ou destruída, devemos rejeitar a ideia de profecia
que não seja uma exposição bíblica do evangelho apostólico.
Recentemente a maior rede de televisão aberta exibiu
em horário nobre a história fictícia de um homem, filho de uma mãe de santo,
com poderes paranormais de vidência, mas, frequentador de igreja evangélica, e,
por fim torna-se o pastor da igreja.
O enredo da ficção expressa que a igreja evangélica
é semelhante ao terreiro de candomblé, associando o poder de seu pastor com a
mediunidade herdada de seus antepassados africanos alistando a igreja
evangélica num sistema religioso idolátrico, sincrético e místico.
Diante desta realidade dos nossos dias olhamos para
a lição do êxodo narrado no texto do qual partimos. Ele é decisivo, não é só
uma experiência, ou uma memória qualquer, mas é um desafio a uma nova
realidade.
A nossa realidade deve provocar, também, uma
resposta profética, isto é a pregação da Palavra “em tempo e fora de tempo.” O
temor da perseguição do poder ou da cultura dominante não pode domesticar a
nossa vocação.
Era isto que o faraó queria fazer ao povo de Deus no
Egito; não deixar o povo ir, dominá-los e fazer de Deus, apenas mais um entre
os muitos deuses do panteão (coletivo de deuses) egípcio.
Rejeitemos também uma doutrina que despreza a
esperança futura dos eleitos para adotar uma retórica triunfalista e
exploradora ou ideologias que desprezam a esperança dos eleitos como algo
ridículo e da pouca importância à teologia, por considerá-la irrelevante para
dirimir as questões sociais.
Isto é um claro abandono da fé bíblica, do conteúdo
da mensagem de Deus, a legítima mensagem profética.
Só teremos segurança da fidelidade da mensagem do
profeta hoje, se o conteúdo dela for bíblico, a fim de conduzir o povo a uma
ruptura com a cultura idolatra dominante para glória de Deus.
Agora vamos seguir atentos para o 2º aspecto desta
direção.
O
segundo é: A Confiança total em Deus.
Deus ao chamar Moisés não deseja apenas amenizar o
sofrimento do povo que geme e que sofre espiritualmente e socialmente na terra
do Egito. Deus quer libertá-los da servidão e trazê-los para um relacionamento
de “Aliança”.
Deus ouviu o seu gemido, e, “lembrou-se da sua
aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó” (Êx. 2:24). Israel é o seu povo
eleito com quem Ele estabeleceu a sua aliança e o Egito não é povo de Deus e a
terra do Egito não é a terra da promessa.
Deus então “desceu”, revelou-se, tirou-os do Egito e
levou-os para o lugar onde vão servir a Deus.
Moisés como profeta é o portador da Palavra de Deus
para despertar-lhes a consciência de que Deus está com eles para assegurar-lhes
o bom êxito de uma ruptura radical e absoluta com a realidade espiritual e social
do Egito.
A grande diferença entre Israel e o Egito e outros
povos igualmente sofredores naquele tempo é que com Israel Deus fez aliança e
isso muda a sua condição. ISRAEL NÃO É EGITO! ISRAEL É O POVO DA ALIANÇA!
Êxodo. 11 versículos 6 e 7 comprovam: “Haverá grande
clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve, nem haverá jamais; porém
contra nenhum dos filhos de Israel, desde os homens até aos animais, nem ainda
um cão rosnará, para que saibais que o SENHOR fez distinção entre os egípcios e
os israelitas”.
Observemos que esta “eleição” ou predestinação que
muitos ministros do evangelho dizem que não é nem pregoável e nem apresentável
pastoralmente, ocorre aqui numa narrativa, como uma notícia para aquela
comunidade, e numa lembrança, a fim de que o profeta a apresente com toda
audácia.
O compromisso com a verdade viabiliza a mensagem. É
maravilhoso pertencer a uma “doutrina de eleição”. Deus “está conosco” como
prometeu a Moisés “serei contigo” esta é a nossa segurança (Ex 3.12).
Deus encoraja Moisés para que sua mensagem encoraje
Israel. Tanto o profeta quanto o povo de Israel não eram suficientes para
realizar tão grande salvação, Moisés reconhece isso, mas, Deus o anima dizendo:
“Eu serei contigo”.
A libertação que Deus realiza não tem fundamento nos
méritos humanos. Isso atingiu o Faraó frontalmente. O Faraó era uma divindade
no Egito e “o Deus de Israel, vem desafiá-lo”? “Deixa o meu povo sair para
prestar-me culto fora daqui”?
O que o Faraó via era um povo escravizado durante
anos sob o poder dos faraós tentando fugir do trabalho duro. Mas, esse era o
plano de Deus para libertar Israel e o conteúdo de sua mensagem com o qual o
profeta deveria estar comprometido era aos olhos do Faraó uma loucura.
O poder da religião imperial é confrontado. As
Escrituras demonstram claramente um sistema religioso falso, mentiroso na corte
do Faraó que, entra em conflito com a verdadeira religião de Deus.
Deus desmoraliza o sistema religioso egípcio: as
pretensões dos deuses egípcios são anuladas pelo Senhor. Deus posteriormente
mandando as dez pragas sob a terra do Egito esta mostrando que os deuses
egípcios não têm poder e nem são deuses.
A autoridade imperial é confrontada pelo Deus
verdadeiro que age como quer, impondo-lhes sua soberania, libertando o seu povo
da servidão e fazendo o império com sua política de opressão e exploração
desmoronar.
Deus arrasa a economia egípcia com as pragas, faz
morrer os primogênitos da terra e o herdeiro real, destrói a monarquia, o
exército, as armas e os carros do Egito.
Israel emerge para uma nova realidade social e
política tão inexplicavelmente e radicalmente sem precedentes na história que,
sua explicação só pode se dar teologicamente. Sua causa só pode estar em Deus.
As Escrituras afirmam que Deus “desceu” (v. 3.8). E
disse a Moisés: “serei contigo” (v. 3.12). O profeta precisa ser confiante.
Deus será com o profeta que se compromete com a verdade.
Isso é suficiente para a resposta de um viver
confiante em Deus diante de oposições ao ministério da Palavra de Deus.
O que se pode dizer do profeta e esperar do
ministério profético na Aliança da Graça é que ele tenha compromisso com Deus e
nEle tenha confiança, se verdadeiramente é povo de Deus e profeta.
Deus requer do profeta reverência na sua presença e
rompimento com o sistema idolátrico e opressor tipificado pelo Egito e glorifique
somente a Deus.
Agora vamos seguir atentos para o 3º aspecto da
direção.
Terceiro:
A glorificação somente de Deus.
Deus orienta Moisés a se aproximar dele com
reverência. A maravilha desperta a curiosidade de Moisés, mas, do meio da sarça
Deus adverte: “tira as sandálias dos pés”, e, Ele santifica o lugar de Sua
presença: “porque o lugar em que estás é terra santa” (Êxodo 3:5).
O local da teofania, uma manifestação visível do
poder divino é descrito como “monte de Deus” (3:1) apresentando a
montanha como um santuário. Deus diz: “servireis a Deus neste monte.” (3:12).
Este monte também é o local que Deus fala com Moisés
no Capítulo 19. Servir tem o significado de adorar. Deus prescreve onde e como
quer ser adorado por seu povo.
Israel estava tão adaptado ao sistema religioso do
Egito que, Moisés pergunta qual o nome de Deus, já que os deuses dos egípcios
têm nome. Pelo que “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais:
Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.” (Êxodo 3:14).
Deus não deseja ser mais um nome, mais um no panteão
egípcio, não tem a pretensão de ser adorado com outros deuses do Egito do
faraó. Os filhos da aliança devem considerar a suficiência de seu Deus com toda
confiança. Deus desceu para lançar os fundamentos de uma nova cultura em
oposição à cultura politeísta dominante no Egito.
Deus não compartilha sua glória com outros seres
celestiais ou terrestres, ou, mesmo com os seus profetas. Moisés é chamado para
o seu ministério profético na formação de uma comunidade que adora, e, que
adora somente a Deus. Uma comunidade comprometida com a verdade de Deus, que
confia em Deus e glorifica somente a Ele, diferente da cultura dominante.
A
missão do profeta é glorificadora, é doxológica.
O profeta prenuncia a obra de libertação do povo da
aliança para gloria do nome do Senhor.
O profeta conclama e guia o povo de Deus, à
adoração, o que se faz pelo restabelecimento da Palavra de Deus.
Deus se revela no passado e é glorificado em Abraão,
Isaque e Jacó e se revela no futuro de geração em geração, sendo reverenciado e
glorificado naqueles e por aqueles que temem ao Senhor e não se deixam
domesticar.
Deus é glorificado no profeta e no povo da aliança
que, tem um passado de adoração e um futuro de adoração, tem uma tradição
Espiritual e um futuro espiritual que glorifica a Deus.
Agora. Já sabemos que a tarefa do profeta na aliança
da graça é doxológica, é de glorificar a Deus em tudo o que faz.
No texto Deus requer reverência na sua presença
gloriosa, mesmo quando não é evidenciada por meio de um fenômeno
extraordinário, de uma epifania, sonhos, visões e outros antigos modos de Deus
revelar a sua vontade ao seu povo.
A curiosidade ou mesmo a admiração é inútil, pois é
preciso compromisso com o conteúdo da mensagem de Deus, Ele requer confiança
total, dos que o glorificam.
Onde tiver uma doutrina bíblica, pode ser gerada uma
prática de ministério correta. Um sistema idolatra só pode gerar sistemas
opressores e exploradores.
No Egito não poderia haver uma antecipação da
novidade que Deus prometeu e que certamente concederá libertação da servidão do
pecado e salvação eternos. Israel precisa sair do Egito. O Egito não é lugar
para o povo de Deus.
Deus não morreu! Continua falando! Pela sua Palavra!
A Bíblia é a Palavra de Deus e nenhuma suposta visão
ou profecia suplementará ou substituirá a revelação completa da Escritura; por
isso recusamos não somente o Alcorão e outras escrituras pós-apostólicas como
também, profecias e revelações apresentadas oralmente.
Ainda que a inspiração tenha cessado, continuará a
iluminação do Espírito Santo atuante.
O Espírito Santo atua na interpretação e na exposição
bíblicas que comunica as grandezas de Deus e as verdades da Escritura aos
nossos corações e mentes. Assim o pregador cumpre a sua missão doxológica.
De tempos em tempos houve necessidade de uma volta a
Palavra de Deus.
Os instrumentos utilizados por Deus, a exemplo de
Moisés, Josias, os reformadores e os puritanos, para conduzir o povo de volta a
Palavra de Deus e purificar a comunidade no campo da religião, da vida, da
família, dos negócios e da política foram os profetas, e, nesse sentido o
ministério profético continua.
O cântico de Moisés é uma doxologia.
Jamais a profecia pode ser separada da doxologia
senão ela perde o sentido; transforma-se em ideologia e perde a força da fé. O
que fizermos no nosso ministério que não for uma doxologia não é ministério
profético, não é o ministério da Palavra de Deus.
Para concluir retomo a proposição: Ser profeta é uma
missão doxológica.
Reafirmo que o papel do profeta na aliança da graça
é glorificar a Deus.
Depois que dedicamos nossa atenção a estas três
direções dadas pela Palavra de Deus: O compromisso absoluto com a verdade de
Deus. A confiança total em Deus e a glorificação somente de Deus. Caminhamos
para a seguinte conclusão: – Precisamos recuperar nosso passado em toda
sua força e autenticidade. Foi o que Deus fez a Moisés, quando se revelou como
“o Deus de vossos pais” e como o “Deus de Abraão, Isaque e Jacó”.
Li certa vez no prefácio de um livro de história
que, “Um povo sem passado também é um povo sem futuro”.
É urgente recuperar a tradição reformada. Retornar a
tradição reformada que reafirma a unidade da aliança da graça como um princípio
hermenêutico é retornar a Bíblia.
Infelizmente muitos abandonaram esta tradição por se
sentirem espirituais ou inteligentes demais para ela os prenderem, e,
cercaram-se de passado para não atenderem as exigências desta tradição.
Assim como Deus libertou aos israelitas da
escravidão do Egito, nos libertou e nos inseriu numa única aliança, e nos fez
herdeiros das mesmas promessas que fez a Abraão (Romanos 4:16-25).
Deus fez Israel entrar na terra prometida, assim
virá trazendo grande salvação para os filhos da aliança e juízo de repentina
destruição sobre os filhos do pecado.
Em Êx 11.6 e 12.30 é o Egito que clama a morte de
seus filhos, por fim num brado arrasado e sem auxílio e esperança o Egito sofre
o juízo divino. Enquanto Deus faz com que seus eleitos abandonem o Egito que,
tipifica o pecado e vivam abundantemente em Cristo o mediador da aliança no
Novo testamento.
O que faremos melhor se não deixarmos o medo de
viver em três tempos: passado, presente e futuro?
Não basta uma perspectiva otimista do futuro para
refutar os prognósticos de aquecimento global e fim do mundo; não basta cessar
o sofrimento do presente é necessário aprender o que Deus realizou por nós no
passado, na experiência dos hebreus e na Cruz do Calvário.
Assumamos um compromisso com a Palavra de Deus.
Permaneçamos no caminho e na direção bíblica para o ministério profético,
recuperemos a nossa tradição de fé. Deus é o Deus da Bíblia, o mesmo Deus de
Abraão Isaque e Jacó, é o mesmo Deus de geração em geração!
A tradição que me refiro é bíblica, cristã, apostólica
e reformada. É o próprio conteúdo da fé legitimamente bíblica, preservado de
geração em geração.
Deus relembra a Moisés sua aliança com Abraão,
Isaque e Jacó. Isso é o que fazemos quando relembramos a nossa fé genuinamente
bíblica.
A fé dos patriarcas, dos profetas, de Cristo, dos
apóstolos, dos reformadores, dos puritanos e dos reformados e é a mesma fé que
professamos e que subscrevemos.
Viva de maneira diferente daquele que não conhece a
fé tradicional ou dela se afastou.
Como filho da aliança venha para um relacionamento
de aliança com seu Deus. Comprometa-se com a verdade de Deus absolutamente,
confie em Deus totalmente, glorifique a Deus somente.
Voltemo-nos ao Senhor arrependidos. Vivamos com Deus
um relacionamento de aliança como comunidade de adoração. Somente a Deus seja a
Glória. Amém.
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