Sempre me orgulhei de não ter inimigos, não ter preocupações e encarar os problemas com muito bom humor, mas hoje? Hoje não tenho o mesmo bom humor. Trago muitas preocupações e dúvidas, decepções e frustrações, e, aprendi a viver contente e ao mesmo tempo preocupado, desconfiado e decepcionado.
O que me preocupa? Ora, o caráter dos crentes e dos pastores de hoje e o futuro da igreja evangélica. Porque ando desconfiado? Ora, antes podíamos confiar em um crente e em um pastor, minha experiência me tem feito olhar com desconfiança principalmente o uso da prerrogativa de “servo de Deus” pelos crentes e do título de “pastor” em contextos que a honestidade deveria ser provada pela ética, transparência e discrição. Decepcionado? Não deveria me decepcionar, já que somos todos pecadores. Mas, eu esperava mais, principalmente amor e perdão nos limites da Igreja.
Ah! Eu sou feliz! Meus filhos têm vovô, vovó, bisavô e bisavó, papai e mamãe, 21 primos, doze tios, além de uma família enorme, muitos parentes, tenho novos amigos e amigos e amigas a 10, 20 e 30 anos ou mais; como uma multidão que me apoia que me aconselha e às vezes releva quando erro, não deveria me preocupar com o falta de amor e de reconhecimento por parte de meia dúzia que agoniza e convulsiona na sua incompetência ou adoece na sua inveja ou no seu ódio, já que tenho o carinho destas centenas de pessoas que, mesmo quando discordam de mim, me apoiam. Afinal, tive a graça de ser desprendido de compensações, e indiferente às perseguições e extrovertido por tanto tempo, então, qual é o problema?
O problema é a pressão para que eu não seja eu mesmo. A invasão da minha privacidade, a inveja do insignificante feliz que eu sou, de como vivo e me relaciono com um circulo intimo e uma grande quantidade de amigos, aos quais, expresso minha admiração e respeito, minha franqueza e transparência, o que dispenso também aos meus inimigos. Meu sorriso incomoda mais que minhas palavras. Minha segurança em aparente derrota irrita mais que minhas queixas. As minhas alegrias incomodam. Minhas ideias incomodam, até minhas lutas e meus dissabores incomodam! Assim, descobri que esse mundo “plural” não tolera e não suporta quem pressionado não sede, quem não se rende quem não concorda e não aplaude os ícones da unanimidade, quem ousa pensar por si, quem não permite que o partido “A” ou o partido “B” pense por ele.
E o pior é exercer o direito de opinião. – Você discordando dele? Quem é você? Ora, sou eu no livre exercício do direito de pensar, de fazer a minha leitura, de escolher a minha hermenêutica, e de dizer com o que concordo e do que discordo. Afinal, os mortais também têm o direito de existir. Deixem-me existir na minha insignificância. Deixe-me fazer a minha agenda, a minha escolha, deixe-me seguir a quem desejo, deixe-me seguir o meu caminho; se você não quer caminhar comigo, não me diga para levar a sua carga pesada e nem para onde ir, se você não é meu amigo nem me dê o seu conselho, se você vai à frente ou se fica, deixe-me ir ao meu ritmo, ao som da voz que ouço, no compasso da batida que me anima, cantando a canção que me encanta. Se você não quer ouvir tampe os ouvidos até passar a minha banda, por que meu caro solitário amigo da unanimidade? Eu não sigo sozinho. Eu sou do bem. Não trago nada novo, mas procuro novo alento e renovo; outros do bem vêm comigo, seguindo o líder Servo, não a mim, mas aquele que disse com autoridade: “segue-me” (JESUS).
Às vezes tiro do bom tesouro coisas velhas, às vezes da mesma arca tiro coisas novas. Aprecio "vinho novo", mas não dispenso o "vinho velho"; tenho amigos gregos e troianos. Convém declarar novamente que a opinião de Deus é que me importa. O que Ele pensa de mim importa mais para mim do que a opinião de todos os amigos e inimigos que fiz na caminhada.
O que desejo dar a todos é o que às vezes não recebi: a compreensão, a tolerância, o respeito à diversidade sem abrir mão da minha posição, e, dar o que recebi; a saber: a preferência por alguns, a admiração sincera por outros, o apoio aos que necessitarem e me pedirem sem fazer exceção, mesmo aos meus inimigos, enfim, não dar a ninguém a glória e honra devida somente a Deus. E fazer ao outro o que se pode fazer em amor a Deus. A glória é de Deus.
Anatote Lopes, IPB, 2010
Gostei do texto. Acho que se parece comigo. Cristianismo não é baixar a cabeça e dizer que se ama a todos em qualquer situação. Quem ama a todos é Deus. E olhe que ele não ama o Diabo. É possivel ter umildade e não ser subserviente. Ser umilde não é ser humilhado. JUSTIÇA a todos, inclusive para mim. Somos instrumentos nas mão de Deus para, muitas vezes, praticar a sua justiça. E covardemente, sob o discurso da humildade, preferimos o conforto do nao confrontamento. Abraço.
ResponderExcluirSinto-me honrado de ter no meu blog o seu comentário. Obrigado por ter me visitado também no meu espaço virtual.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, faço coro contigo na distinção clara: humildade não é covardia, e, jamais seja pretexto para covardia!
Não sei se os comentários podem ser removidos pelo autor depois de publicado, daqueles que gosto eu publico, mas se os autores desejarem e não conseguirem remover solicite a sua remoção.