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sábado, 24 de maio de 2014

O PASTOR TRABALHA FORA DA IGREJA E FALA SOBRE ARTE, CULTURA, POLÍTICA E FUTEBOL; ISSO É CERTO?



Os posicionamentos quanto à missão e agenda do Ministro da Palavra e dos Sacramentos são produzidos por, no mínimo, dois grupos de pessoas com opiniões diferentes: 

1. O grupo que pensa que os pastores não devem se ocupar com questões administrativas da igreja e atividades seculares de forma alguma, e, até mesmo, principalmente, não opinar sobre assuntos como política, economia, arte, cultura, esporte, etc.. 

2. O outro que pensa que os pastores não devem se dedicar somente ao púlpito, a oração e às atividades pastorais, mas devem trabalhar em qualquer outra atividade secular e tirar dela o seu sustento e de sua família, desonerando a igreja e contribuindo com ela.

Esses posicionamentos, geralmente, não são coerentes entre si mesmos, quanto ao estabelecimento da agenda pastoral, o sustento material dos ministros e a importância da teologia e da abrangência do caráter docente do trabalho pastoral do Ministério da Palavra de Deus. 

É uma ignorância ou precipitação querer isolar o pastor numa "neutralidade" quanto aos assuntos que falam tão perto às necessidades do ser humano ou pensar que, assuntos “sagrados”, como a reflexão bíblica, não sejam respostas para serem dadas às questões de ética, política e cultura seculares!

Existe certa crendice que, pastores sejam sustentados pela Igreja para não se envolverem em outros assuntos e atividades. Mas, também existe, por parte de alguns, até a ideia de proibição de que o pastor receba da Igreja qualquer investimento financeiro e sejam circunscritos ou alienados ao ambiente eclesiástico, o que não tem base bíblica e nem fundamento lógico. 

O fato é que, a dedicação a qualquer atividade acarreta ônus de alguma forma; sendo justo que, atendendo-se às necessidades dos outros se obtenha dos outros o suprimento de suas próprias necessidades. 

Os abusos nesta relação não são o foco deste artigo. Penso que o equilíbrio destas duas posições é o ideal, pois ninguém deve pensar que a atividade pastoral, a qual é totalmente dependente da ação do Espírito Santo para o seu êxito, não exija integração do pastor na sociedade.

Habilidades seculares como a ampla cultura do pregador, a boa didática e o aprimoramento do discurso, a atualização e o aperfeiçoamento educacional e metodológico, o acesso à literatura, aos conhecimentos científicos multidisciplinares, além do aprofundamento teológico bem embasado são imprescindíveis, bem como, requer tempo, dedicação, investimento e oração.

O pastor deve, sempre, dedicar-se ao jejum, a oração e à Bíblia, mas ele vai ter as suas necessidades físicas próprias e de sua família, e, realmente, será útil para o desempenho do ministério da Palavra o sustento para uma dedicação ainda maior, no entanto, se for necessário, o pastor poderá exercer outras atividades remuneradas, o que acontece, não raramente.

Essas atividades exigem uma gestão mais rigorosa do tempo do ministro; quase sempre atrapalham, mas, podem resultar numa maior inserção do ministro na formação educacional e cultural da cidade, nas áreas da beneficência ou da cadeia produtiva promovendo a desoneração da igreja e o acréscimo e crescimento do saber do ministro e da igreja e do serviço cristão à sociedade.

Podemos observar na tradição apostólica descrita em Atos e nas Epístolas exemplos de irmãos que, dedicavam-se à Palavra e a oração e se afastavam de outras atividades e recebiam das comunidades o seu sustento, bem como outros irmãos que, trabalhavam em outras atividades, e aliviavam o peso das igrejas. 

Existe base bíblica para os dois modelos, mas não para proibições e restrições severas impondo um dos modelos. Também não existe base bíblica para a exploração financeira e nem para a avareza. 

As Escrituras não sugerem dois pontos de vista, mas apontam duas circunstancias a serem favorecidas pelo modelo que for mais conveniente adotar, em cada uma dessas situações numa comunidade local. Sendo sempre imprescindível a contribuição da teologia, oficio e reflexão pastoral sobre todos os temas urgentes da comunidade de fé e em todas as áreas de interesse da sociedade.


Rev. Anatote Lopes, IPD, 2014


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