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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

SABEDORIA: O TEMPO E AS JABUTICABAS


Por RUBEM ALVES*


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.


Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.


Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que, apesar da idade cronológica, são imaturos.



Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de ‘confrontação' onde ‘tiramos fatos a limpo'. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa!...


Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão-somente andar ao lado do que é justo.


Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.


O essencial faz a vida valer a pena.



* Rubem Alves, é ex-ministro presbiteriano e tem se destacado no campo da pedagogia, da filosofia e da literatura, embora não seja referência em teologia entre os reformados como é em educação tem criticado a vida cotidiana do homem moderno e das instituições com estilo e acertos.







4 comentários:

  1. Cássia Maria Qurino da Costa5 de novembro de 2011 às 14:34

    Cláudia, este texto é muito lindo mesmo! Mas, ainda acho que temos muitas jabuticabas em nossa bacia, não acha? Bjs. Cássia.

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  2. Gostaria de saber porque a maioria das igrejas presbiterianas são cor de tinta verde?é raro ver uma de cor marrom por exemplo bom talvez isso importa mais fica a pergunta...

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  3. Olá Cláudia,

    A IPB aprovou um Programa de Identidade Visual, o qual, inclui um símbolo e cores padrão para identidade visual, o símbolo é uma representação gráfica da sarça ardente do Sinai que moisés viu no monte, e, tem seu desenho e medidas estabelecidas no programa, as cores e a marca, utilizadas são elementos de identificação de uma instituição. Por essa razão é fundamental o respeito aos seus padrões. Quando as cores forem impressas, deve-se fornecer as especificações da Escala Pantone ou da Escala Europa, de acordo com a gráfica que prestar o serviço. No caso de templos históricos, não é necessário usar as cores no templo, quando se tratar de arquitetura com pedras, revestimentos, tijolinho a vista, vitrais e outros materiais. Mas, se for para para colorir... Deve-se usar as cores e tons do programa de identificação visual.

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  4. Não é de uso obrigatório o Programa de Identidade Visual.

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