Normalmente
os mitos sobre a figura do líder evan-gélico ou do pastor são cons-truídos pelas
pessoas precon-ceituosas ou pelas fanáticas. Es-sas pessoas são sectárias de re-ligiões
e filosofias cristãs, não cristãs, ateístas e agnósticas.
A
maior fonte criadora de mitos sobre o pastor é a massa insatisfeita, dissidente
ou desi-grejada que, teve a sua expec-tativa frustrada com relação ao seu pastor,
ou teve uma decep-ção religiosa profunda, cuja res-ponsabilidade recaiu sobre o
seu líder.
Essas
pessoas, às veses, preconceituosas ou fanáticas, agora, procuram convencer ao máximo as
outras pessoas que, todos os pastores são milionários e que a maioria dos
pastores seja semelhante ao padrão caricaturado pela sua experiência ou pelo
estereotipo dos tele-evangelistas.
As
pessoas constroem mitos de que os pastores são homens transcendentes dotados de
poderes espetaculares, imunes às tentações e necessidades da humanidade. As pessoas
migram da primeira classe de mitos para a segunda facilmente; são os fanáticos
de hoje que vão peregrinar amanhã no caminho dos religiosos insatisfeitos,
dissidentes e desigrejados.
Essa
ignorância é digna de pena. Pois tentam comunicar que, o que se apresenta na
televisão é o padrão do líder ou pastor evangélico brasileiro, quando eles nem perto
chegam do percentual de 0,001% dos pastores.
Acredita-se que o pastor é um homem rico ou
imune às necessidades, alegre o tempo todo, sem problemas emocionais e com a capacidade
de vencer qualquer tentação ou adversidade.
O
primeiro mito é que pastor não trabalha e não ajuda as pessoas, mas vive a
cobiçar o dinheiro das pobres almas dos seres humanos ou são homens santos que
oram o dia inteiro e sublimam suas necessidades com a espiritualidade, além de
transferirem sua energia espiritual excedente aos fracos com orações miraculosas.
A
grande maioria dos pastores trabalha em outras atividades seculares como
empregados ou profissionais liberais, enquanto pastoreiam em um segundo ou terceiro
turno de carga horária de trabalho, junto a uma ou mais igrejas pequenas ou
médias, nas quais são os pastores e seus familiares os maiores contribuintes.
O
mundo e o nosso país é muito grande e as pessoas não conhecem a realidade de outras
comunidades, e, até mesmo, pastores, ignoram a realidade de outros pastores e
rebanhos.
O
sustento pastoral é concedido em contrapartida à exigência da dedicação
exclusiva, o que não desobriga o pastor de seus cuidados e deveres materiais,
emocionais e espirituais junto a sua família. Esse suprimento que todos nós
temos necessidade o pastor também tem, e, necessita do cuidado material,
emocional e espiritual de outras pessoas, o que acontece, mais ou menos, dentro
das condições da classe social da comunidade de fé.
O
segundo mito é que pastor é rico e feliz, ou seja, não tem problemas emocionais
e financeiros. Para uns o pastor não pode ser rico e deve ser muito sério e
para outros se ele não for rico e bem humorado não é abençoado por Deus.
Infelizmente
não são poucos os pastores que vivem na pobreza. Anualmente, mais de 1600
pastores das diversas denominações abandonam o ministério pastoral por causa
das dificuldades da pobreza. Mas, não apenas por causa da pobreza; as pressões vividas
pelos pastores são tanto orçamentárias, quanto inerentes ao trabalho pastoral,
que está entre os trabalhos mais árduos do mundo, lidando com as dores, angustias
e tensões emocionais da agenda pastoral e eclesiástica. Os pastores ainda sofrem
discriminação crescente e acelerada e grande desvalorização, trazendo
enfermidades físicas e psicológicas sobre as famílias pastorais.
O
luxo dos televangelistas milionários pode acabar e o sofrimento de muitos pastores anônimos e de suas famílias pode ser amenizado quando as pessoas procurarem
igrejas, nas quais a maioria de seus pastores recebem côngruas modestas ou
trabalham eles, suas esposas, filhos e filhas muitas vezes na indústria, no
comercio, no serviço público ou em outras áreas, para levantar o sustento
familiar e das igrejas.
O
terceiro mito é que os pastores são homens que não serviram para outra coisa.
Eu conheço mais pessoas que não conseguiram serem pastores e foram fazer outra
coisa; chegaram ao seminário, mas não suportaram a agenda acadêmica de extensa
bibliografia, metodologia exigente, excesso de leituras obrigatórias, estudos linguísticos,
exegéticos e hermenêuticos e uma quantidade enorme de trabalhos acadêmicos na
formação pastoral. Pensavam que se tratava de um caminho suave, logo descobriram
que, com menos esforço se formariam administradores, advogados, médicos, etc.
Outro
mito é que qualquer um pode ser pastor. Somam-se às dificuldades da formação pastoral
a aceitação pela igreja. Muitos desejaram os cargos dos pastores, mas não
conseguiram sequer, a aprovação das igrejas para serem enviados aos seminários.
Outros foram eliminados no processo. Certamente os rejeitados pela Noiva também
estão por ai difamando os pastores, alguns dentro das igrejas e outros já estão
fora dela.
Fato
é que muitos pastores deixaram o ministério e se adaptaram a novas atividades, mas
muitos outros em tempo parcial desempenham outras atividades, são pastores e
também são professores, advogados, médicos, etc. Existem também àqueles que
desistiram do pastorado para manter o padrão social e econômico que a dedicação
em outras atividades proporciona.
Os
mitos são construídos em casos de exceção e não de regra, por isso não se
fundamentam. O líder evangélico ou o pastor recebe das pessoas preconceituosas e
fanáticas o status de celebridade. As expectativas frustradas, as decepções
religiosas produzem uma generalizadora e maliciosa aversão à figura do pastor.
Mas,
existe um problema ainda maior, a desconstrução do padrão bíblico para a
moralidade, a sexualidade e para experiência religiosa. A Bíblia diz que os
pastores se tornam “modelo do rebanho”. (I Pe 5.2,3). A militância imoral e
anticristã tenta desmoralizar não apenas o líder, mas, com ele, todo o cristianismo.
Eles querem comunicar à sociedade que um líder cristão, o pastor ou padre (equivalente
do pastor no catolicismo) é imoral e pervertido para justificar a imoralidade e
a perversão e destruir os padrões universais do cristianismo.
Os
religiosos insatisfeitos, dissidentes e desigrejados e os falsos pastores e irmãos
são cooptados para fazer esse serviço do cão, como um fogo amigo contra nós
mesmos, pois é certo que temos nossas mazelas, as quais devem ser tratadas
dentro dos limites da igreja, pois não são aprovadas e não servem para
justificar nem os de dentro e nem o de fora das igrejas, mas precisam ser corrigidas
por nos mesmos.
A
graça e o amor de Deus não justificam o comportamento reprovável dos pastores e
de nenhum cristão. As coisas reprováveis no ministério pastoral são reprováveis
na conduta de todos os cristãos porque são incompatíveis com o Espírito do
cristianismo e com o principio recorrente das Escrituras Sagradas. Detonar um
pastor é para eles detonar o cristianismo e a Bíblia. Não sejamos ingênuos.
Deus
se deleita em nos justificar, declarando-nos justos por causa da morte de
Cristo, mas ele também santifica para si o seu povo, isto é, ele nos imprime
uma maneira santa de viver, é verdade que existem falsos pastores e falsos
irmãos, mas devemos ser confiantes que há entre nós crentes verdadeiros,
justificados e santificados e os erros apontados são anomalias que podem e
devem ser corrigidas.
Mas
infelizmente, a persistência no pecado indica uma fé falsa, sem lugar no Reino
de Deus. “Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o
malfeitor.”. (I Co 5.13). E, “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o
reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem
efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores [(corruptos)] herdarão o reino de Deus.” (I Co 6.9,
10).
Anatote Lopes, IPB, 2013.