Por Anatote Lopes
O assunto em pauta é o caso Flordelis... pude notar nas redes sociais acusações à consciência dos crentes; como se cada um tivesse culpa no caso. Notei também alguns que, buscando outros casos, em outras religiões, tentaram impingir o mesmo sentimento de culpa nos seus adeptos. Que canoa furada! Quanta crueldade e exploração do sentimento de culpa alheio.
Onde eu já vi isso? Ah! Na mentalidade esquerdista enaltecedora da culpa coletiva que fundamenta e perpetua as políticas sociais de reparação. Essa responsabilização coletiva aplicada atribui a culpa aos evangélicos, segue na esteira da polarização política, e, pretende identificar os evangélicos coletivamente como direitistas.
Os evangélicos têm tanta culpa no caso Flordelis, quanto os descendentes de alemão têm culpa nos horrores do holocausto, e, os descendentes dos pioneiros do período colonial têm culpa nos horrores da escravidão. Nenhuma. Além da queda e da solidariedade universal na culpa e na corrupção coletiva em decorrência do pecado original.
De fato, quando nosso irmão recebe uma honra, se é contemplado com uma nomeação ou condecorado por um ato heroico ou qualquer outro mérito próprio do indivíduo, então ficamos tão orgulhosos, mas se praticar um ato vergonhoso, nós sentimos profunda vergonha; mesmo que não tenhamos qualquer cumplicidade no caso.
Qual deve ser nossa atitude diante deste caso? Diante dos pecados de toda humanidade? Primeiro, cabe uma reflexão. Pesar os erros dos outros só nos ajuda a não cometer os mesmos. Nossa humanidade está sujeita a queda; então: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. ” (1Coríntios 10.12).
Quando nos cercam maus exemplos, inevitavelmente, somos assaltados por um sentimento de desonra familiar. Solidarizar-se pelo sentimento de culpa ainda é mais nobre do que atirar pedras, festejar sobre túmulos e levar vantagem do infortúnio alheio.
Não devemos simplesmente agir como Pilatos, lavar as mãos e se dizer inocente no caso (Mateus 27.24). Não podemos manter uma atitude covarde e inerte diante de qualquer injustiça. Do alto do meu farisaísmo até pensei: 'Não tenho nada com isso, pois na minha igreja não tem sequer pastora! Será que devo me sentir responsável?'
Não, mas, diante de um escândalo nacional não podemos ficar indiferentes. Este sentimento de vergonha reside no senso de responsabilidade pelos outros seres humanos, e nos faz melhores, mais atuantes e vigilantes. Ninguém deve chegar diante da comunidade escandalizada e dizer que não se afeta, que permanece indiferente.
Paulo se põe como um exemplo de auto responsabilização solidária; quando escreve 2 Coríntios 11.28-29: “Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas. Quem enfraquece, que também eu não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me inflame? ”
Jesus Cristo sobretudo, nosso maior exemplo; carregou a culpa de toda humanidade, como Isaías havia profetizado: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. ” (Isaías 53.5) e (12) “foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu. ”.
Parece que nosso fardo nos últimos dias ficou mais pesado; mas, não podemos nos esquecer que, não somos inocentes como Jesus Cristo; que sofreu por causa dos nossos pecados sem culpa alguma; não se trata dos pecados dos outros somente.
O escândalo dos outros serve para nos despertar e também nos fazer olhar para nossas próprias faltas ("Examine-se, pois, o homem a si mesmo" (1Co 11.28), as quais julgamos menores e por isso não sofremos por elas, a fim de confessarmos, e, assim, experimentarmos, mais da graça e do amor de Deus.
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