Certamente que existem “equívocos convenientes”, tanto para o conceito de apostasia quanto para o conceito de heresia, mas a resposta elementar para a pergunta: O que é apostasia? É “desviar-se da fé em Deus”.
Sair de uma instituição, dogmática, ritualística e mercenária pode ser um recomeço, ou, uma grande oportunidade, a qual será mais bem aproveitada com maturidade cristã suficiente.
Seres humanos constroem e modelam instituições novas quando frustrados com as velhas. Todos têm um conjunto de valores, filosofias e crenças, um sistema de idéias e se serve de rituais para se levantar, purificar-se, alimentar-se, vestir-se, relacionar-se, viver, e, tornam-se mais ou menos propensos a viver em prol de seus próprios interesses, de sua família ou de sua comunidade.
Você, sua família e os grupos nos quais você convive são uma instituição natural mais ou menos organizada.
As coisas têm nomes, e as coisas denominadas que se tornaram títulos eclesiásticos são dons espirituais, conforme a Bíblia ensina; obviamente que o ser humano corrompe o propósito original de serviço de todas as coisas, por exemplo: um jovem ingressa na faculdade de medicina visando enriquecimento, um advogado estuda direito e nem sempre defende a causa dos pobres, um policial nem sempre está interessado na segurança das outras pessoas. Assim também servos dotados de dons de governo, mestres, profetas entre outros dons alistados na Bíblia gozam do status quo do dom divino para a manipulação e até usurpam o senhorio de Cristo, e, nem sempre são dons, podendo se tratar de uma usurpação ou uma simulação.
Poderiam abrir mão do status quo dos dons como poderiam os que servem nalguma profissão abrir mão do título acadêmico ou da consagração popular e servir com o coração e a alma, mas nem sempre isso acontece, pois são algo próprio da cultura os nomes das coisas, associados aos seus valores intrínsecos e a sua natureza; convém acreditarmos então que, existam aqueles que se apresentem como tal e procedam conforme se identificam com algum título eclesiástico proveniente dos dons nomeados em diversos textos bíblicos, como diácono=servo, presbítero=ancião, bispo=supervisor, ministro=escravo, etc, sem, contudo exercerem a dominação e a manipulação condenada pela Escritura. São estes os bons obreiros.
João era um profeta semelhante a Elias, pertencente a um grupo judaico, e, como acontece com os profetas: acusado de louco e herege por uns e seguido e ouvido por outros, verdadeiro para alguns e falso para outros, sóbrio para alguns e louco para outros, assim sempre será com todos os profetas. Um dia sua cabeça estará a prêmio. Eu que o diga. Mas sobre João o Batizador ter sido considerado um apóstata desconheço. Suas renuncias o caracterizava e o identificava com uma ordem antiga, peculiar do judaísmo messiânico, de profetas do deserto, identificado pelos estudiosos com o grupo dos Essênios, àqueles que deixaram um tesouro posteriormente descoberto e hoje conhecido como os Manuscritos do Mar Morto; deste profeta João a fonte histórica mais acreditada (os Evangelhos) informa, cumprir-se em seu ministério a profecia de sua particular missão como precursor do Messias.
Jesus Cristo aclama João, o maior de todos os profetas; sua missão que o qualificou, não foi identificada com o que comia ou com a sua vestimenta de couro, com lugar que dormia ou com a observância que fazia da religião, como por exemplo, a purificação que o distinguia como batizador. Contudo, tornou-se conhecido como profeta, e, nunca renunciou este “status quo”, título, denominação, adjetivo ou substantivo que, certamente invoca a autoridade de seu ofício e objetivo: falar custe o que custar, mesmo que seja a própria cabeça.
Pertencer a uma instituição que utiliza o nome de Jesus, é louvável, usá-la para manipular pessoas e a sociedade é um erro. Isso é evidente. O que não parece evidente para muitas pessoas é que, nem toda instituição é usada para manipulação e exploração, e, obviamente tem muita gente séria comprometida com sua missão e vocação que se utiliza de uma instituição, e, obviamente que novas instituições que vêem como um erro a institucionalização da Igreja, tendo que discursar viver a igreja na informalidade, ilegalidade ou não-organização, por causa da filosofia moderna anti-institucionalista, criam uma instituição paralela para representá-la, uma entidade associativa de conformidade com as normas vigentes.
Toda instituição organizada e desorganizada pode servir para manipular e enganar, seja estatal, religiosa, filantrópica, comercial, ou mesmo uma instituição sob a égide do anti-institucionalismo!
Tem muita gente trabalhando sem a finalidade mercenária. Infelizmente os erros de muitos têm deixado tanta gente na vala comum dos mercenários, dos charlatões, e, não raro gente boa tem sido tratada como ladrão e falso profeta injustamente.
Às vezes eu duvido da inocência dos decepcionados frustrados e dos desigrejados com os mercenários e charlatões que, sentem ojeriza de quem lhe é apresentado como pastor, e, já considera o desconhecido na mesma conta. Eu confesso, sou humano o suficiente para sentir o desejo de mandar o afetado pegar o dinheiro dele e guardar em lugar escuso, pois, não peço dinheiro de ninguém, não bajulo os ricos que gostam de ser mimados na igreja porque entregam seus dízimos, nem me interessa um adepto a mais ou um a menos, interessa-me o rebanho do Pastor Jesus que Ele me capacitou com seus dons, chamou e confirmou para ensinar e guiar na verdade do evangelho, pregar onde Ele me enviar e conceder que eu pregue e confiar que Ele é o dono das ovelhas e que, a conversão não é uma obra minha, mas sim, e apenas, a pregação.
Não importa o quão corrupta seja a minha natureza, prego as Escrituras que não omite que todos os patriarcas, profetas, sacerdotes e reis pecaram, e, me exponho sempre como um pecador alcançado pela graça, porque só sobrou um Perfeito e Reto Juiz de todos os homens e mesmo dos patriarcas, profetas, sacerdotes e reis, ou de qualquer outro, com ou sem o título “eclesiástico” ou bíblico, ou as duas coisas.
Deus é verdadeiro e todo homem é mentiroso, e, se eu não pregar a Palavra de Deus eu também minto. Contudo, tenho certeza que Deus não fracassou... Há um remanescente fiel e seria uma arrogância sectária dizer que eu sou o único, ou que ele não pode estar do lado de dentro de uma instituição ou que ele não pode estar do lado de fora em alguma entidade associativa para manter uma igreja não organizada ou ilegal, ou que o remanescente é um afastado ou desviado que a conveniência da religião o chamou de apóstata... Nada disso. Acredito em milhares que não se curvaram a Baal! Em todos os lugares, espalhados como “sal da terra e luz do mundo.” Mas, “creio na comunhão dos santos”! Na Igreja, e, ela é a comunidade dos discípulos edificada por Jesus Cristo que congrega e adora o Deus Vivo! Tem muita voz contrária a dominação. Resistindo os desvarios da arrogância esquizofrênica de lideranças religiosas narcisistas. Tem gente vaidosa, covarde, maldosa, depravada, porque homem é homem, mas tem homens e mulheres resistentes tirando a cabeça do buraco.
Tem-se gente deliberadamente barganhado com a fé e tem gente de boa fé; tem-se gente que decepcionado e ferido sai errante sozinho e em perigo e tem gente que deliberadamente acusa os irmãos na fé como um bom pretexto para a licenciosidade e rendição aos prazeres da carne. Tem gente boa jogando a toalha, entregando coisas boas para a gerência de gente perversa, mas tem gente que não desiste do Caminho, da Verdade e da Vida, para seguir por caminhos que ao homem parece ser bom. Tem gente que não desiste da bondade, do amor, da fragrância do evangelho de Jesus Cristo e tem gente que se desviou... Infelizmente.
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