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sexta-feira, 15 de maio de 2015

A GRAVIDADE DO SILÊNCIO

Por Anatote Lopes

Talvez eu provoque alguma decepção ao leitor protestante com esta história... Entrei o ano de 2008, meditando sobre os problemas que estava enfrentando na minha candidatura ao ministério ordenado; naquela semana havia pregado um sermão sobre a Presença do Espírito Santo, uma exposição de Atos 13.52; talvez encontre alguma anotação dele; pena que não pude rever o impacto desta mensagem naqueles dias.

Curiosamente, repreendeu-me, ou, orientou-me severamente um trecho deste texto, senão eu não teria anotado; se não estiver enganado, da regra de São Bento: “eu disse, guardarei os meus caminhos para que não peque pela língua: pus guarda a minha boca: emudeci, humilhei-me e calei as coisas boas”. Aqui mostra o profeta que, se às vezes, se devem calar mesmo as boas conversas, por causa do silêncio, quanto mais deverão ser suprimidas as más palavras, por causa do castigo do pecado? Por isso ainda que se trate de conversas boas, santas e próprias a edificar; raramente, seja concedido ao discípulo falar, por causa da gravidade do silêncio, pois está escrito: “falando muito não foges do pecado,” e em outro lugar: “a morte e a vida estão em poder da língua”. Com efeito, falar e ensinar compete ao mestre; ao discípulo convém calar e ouvir. Por isso, se é preciso pedir alguma coisa ao superior, que se peça com toda humildade e submissão da reverência. Já quanto às brincadeiras, palavras ociosas e que provocam riso, condenamo-las em todos os lugares a uma eterna clausura, para tais palavras não permitimos ao discípulo abrir a boca.”

Quem me conhece sabe que nunca cessei as brincadeiras, nem as conversas; sou do tipo tagarela e contador de anedotas e tenho arcado com as consequências da minha tagarelice e do meu humor; mas, nunca considerei inúteis as minhas brincadeiras e sem importância as minhas conversas, não pude assumir a radicalidade de um monge e continuei, talvez, “pecando” muito com as palavras e sofrendo as consequências.

Tenho certeza que pequei com a língua muitas vezes, mas, também, com as palavras da minha língua corações se alegraram e casas em ruínas foram edificadas. Aprendi que há tempo para todas as coisas, e, quem sabe, logo eu chegue à maturidade de um mestre para admitir a radicalidade do silêncio do discípulo. O fato é que não sou desobediente, mas, não estou convencido a silenciar as brincadeiras e as coisas boas, mas rejeito as más.

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